Paris, fevereiro de 1903. Rainer Maria Rilke (1875-1926) recebe uma carta de um jovem chamado Franz Kappus, que aspira tornar-se poeta e que pede conselhos ao já famoso escritor. Tal missiva dá início a uma troca de correspondência na qual Rilke responde aos questionamentos do rapaz e, muito mais do que isso, expõe suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida. A criação artística, a necessidade de escrever, Deus, o sexo e o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão inelutável do ser humano: estas e outras questões são abordadas pelo maior poeta de língua alemã do século XX, em algumas das suas mais belas páginas de prosa.
Comecei a escrever esta resenha no mínimo umas vinte vezes e as palavras sempre me parecem inadequadas, pequenas diante desta obra. É difícil falar de um livro que em 90 páginas diz tanto. Muitos dos que leem o blog há mais tempo sabem da minha antipatia pelos títulos de autoajuda e vejam só este livro passa bem longe deste gênero, mas encontrei nele reflexões tão pertinentes que para pessoas como eu, ele se configura em um livro que ajuda a encontrar o conforto de não se sentir só, pois o poeta com suas palavras nos instiga a abraçar os questionamentos que fatalmente não tem respostas.
“Sinto que nunca um homem poderá dar uma resposta às perguntas e aos sentimentos que têm vida no fundo do seu ser. (…) Peço-lhe que tente ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e como livros escritos em língua estrangeira. Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. E é disto que se trata, de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, a um belo dia, sem perceber, a viver as respostas.”
O livro conta com uma edição caprichada da L&PM, com direito à resumo biobibliográfico e também uma apresentação que contextualiza a obra, facilitando a leitura até mesmo para aqueles que não conhecem a obra de Rilke. Esta leitura figura entre as que considero fundamentais para qualquer leitor, e é claro recomendo a todos.
RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. Tradução de Paulo Sussekind. Porto Alegre: LP&M, 2007. (Coleção LP&M Pocket Plus).
Esta leitura é a terceira dentro da temática Biografias e/ou Memórias que corresponde ao mês de fevereior para o Desafio Literário 2011 e com ela eu cumpro a minha meta deste mês, e que venham as leituras de março!
Sabia que esse é um dos meus ivros de cabeceira? Nunca fiz uma resenha exatamente por isso, não há o que falar, eles diz tudo e de maneira tão clara.
bjks
Báh que coisa boa saber que ele é teu livro de cabeceira, sabe a leitura foi assim como choque, como pode alguém ter um discernimento e uma clareza tão grandes para escrever uma obra tão genial e na verdade sem intenção. Me senti confortada e ao mesmo tempo tão pequena diante das cartas de Rilke, é sem dúvida uma obra magnífica.
constelação de estrelinhas coloridas pra ti…
Oi, Mi
Este eh um dos meus livros favoritos; li em uma epoca que precisava de respostas e ele foi de uma ajuda…maravilhoso esse livro!
Ah Lia ele é mesmo um livro excelente, que bom que ele te ajudou 🙂
estrelinhas coloridas…
Rilke é um daqueles autores que te surpreende, que te encanta e ao mesmo tempo te dá um soco no estômago. Não sou uma grande de poesia, sempre preferi prosa, mas Rilke é uma excessão a essa regra. É engraçado porque, embora conheça várias poesias dele, não li ainda o “Cartas ao Jovem Poeta”.
Vou providenciá-lo. Hehehe… (ai, meu deus, me proteja da falência…)
Báh então leia tenho certeza de que vais adorar, é uma leitura que realmente mexe conosco e ao mesmo tempo é tão cheia de lirismo.
estrelinhas coloridas…
Não conhecia, mas já anotei a dica. Não tenho o costume de ler muitas biografias, mas está mais que na hora de começar a incluí-las com mais frequência nas leituras!
😉
beijos
Olá Sandra!
Na verdade acredito que “Cartas a um jovem poeta” está para além de classificações literárias, é uma obra única que merece mesmo ser lida e relida.
estrelinhas coloridas…
Esse livro foi super bem recomendado por minha irmã. Sinto que tenho que dar um jeito de lê-lo, né? Afinal, é tão fininho, porém conforme vejo em sua fala, deva ser um livro para ser degustado lentamente…
Tá se dando bem nesse desafio, hein? Gostando de ver.
Beijocas
E tua irmã tem toda razão, endosso a recomendação dela. Ele é um livro que vai deixando marcas durante a leitura e merece mesmo um olhar apurado.
estrelinhas coloridas…
Dica anotada, como sempre.
Eu já vi esse livro em várias estantes de livrarias Porto Alegre afora, mas nunca comprei por “n” motivos. Agora fiquei com aquela coceirinha na carteira. O bom é que o livro é bem baratinho…
Eu também sempre via ele e nunca dava bola, então acabei ganhando de presente e que magnífico presente! A ele é bem baratinho mesmo, vale muito a pena.
estrelinhas coloridas…
Rilke é maravilhoso! Cartas a um jovem poeta é um livro ao qual recorro sempre que preciso de inspiração. E é singelo, né? Não esperava nada quando li pela primeira vez e hoje é um livro imprescindível para mim. Sua resenha sintetizou bem o que sinto com relação à obra!
Ele também se tornou imprescindível pra mim, é de uma singeleza tocante. Fiquei tão feliz que a resenha te agradou 🙂
estrelinhas coloridas…
Sem se dar conta disto, Rilke tornou-se o maior escritor de cartas do século XX. A obra é magnífica e poética. Acho incrível como é tão lido pela crítica literária mas pouco é refletida nesse meio. Esse livro formou minha visão crítica sobre a arte.
A obra do Rilke poeta é impressionante, e as outras cartas dele (Correspondências com Lou Salomé e Cartas sobre Cézanne) também são belíssimas. Em breve lerei seu único romance.
Parabens pelo blog.
Andei pesquisando um pouco mais sobre ele depois desta leitura e fico a cada dia mais encantada, não tinha me deparado com estas outras obras de correspondências, mas com tua indicação pretendo conferir com certeza.
Obrigada pela visita 😉
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