Lumos

#Lumos Maxima

Livros de bolso – Tony Belloto fala de livros de bolso e como a editora gaúcha L&PM é imbatível neste nicho.

Resenha – Anica fez uma ótima resenha sobre o livro mais recente do Cristóvão Tezza: Erro emocional, erro mesmo é não ir lá conferir.

Nós, que contamos histórias – Luis Augusto Fischer começa um texto para indicar um livro assim: "…livro imperdível na praça, para qualquer leitor interessado em viajar pelos motivos mais profundos da existência da literatura. Livraço, massagem no cérebro, alargamento de horizontes." Imperdível mesmo.

DIY – Aprenda a fazer um apoio de livros feito de pedras.

O desafio do tradutor – Paulo Geiger fala do desafio de traduzir o escritor Amós Oz.

#Nox

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Cartas à mãe

Cartas à mãe direto do inferno, de Ingrid Betancourt, é uma obra peculiar porque ela nada mais é do um manifesto desesperado de quem, após mais de 5 anos privado da liberdade, tendo uma selva como cativeiro, desistiu de lutar.

Na primeira parte do livro temos a carta enviada à Yolanda, mãe de Ingrid que foi escrita de um só fôlego no dia 24 de outubro de 2007 e nos mostra uma mulher derrotada pelas adversidades, alguém que já desistiu de si mesma, mas não dos seus, como podemos ver nestes trechos em que se dirige principalmente aos filhos Mèlanie e Lorenzo e ao enteado Sebastien.

“Quanto mais fortes somos, mais conseguimos alcançar nossos objetivos, mais as oportunidades se apresentam, maior é o mundo a que aspiramos.”

“Estudar é crescer: não apenas porque aprendemos, mas também porque é uma experiência humana, poque, à sua volta, as pessoas o enriquecem emocionalmente, obrigando-o a um maior autocontrole, quando o ego é reduzido à sua menor expressão e dá lugar à humanidade e à força moral”

“Durante anos pensei que enquanto estivesse viva, enquanto respirasse manteria a esperança. Não tenho mais essa força, para mim é muito difícil continuar a acreditar, mas quero que saibam que o que vocês fizeram por nós fez a diferença. Nós nos sentimos seres humanos. Obrigada.

É a decisão de agir face ao inaceitável, porque, definitivamente, tudo que aconteceu aqui é simplesmente inaceitável.”

Estes excertos não dão conta de nos proporcionar uma ideia do que tenha sido os mais de 6 anos de cativeiro, vivendo com frio, fome, dormindo em buracos no chão, privada de tudo que lhe fazia essencialmente humana.

O livro nos confronta com uma realidade que muitas vezes preferimos deixar do lado de fora de nossas vidas, mas não podemos fechar os olhos ao que seres humanos fazem a outros seres humanos em nome de ideologias absurdas, como se algo justificasse destruir uma vida.

Este relato não nos fala com detalhes da guerrilha, mas consegue nos fazer sentir um medo visceral, o medo de termos nossa liberdade cerceada, de termos extirpado de nós aquilo que temos de mais humano pelo nosso semelhante.

Esta leitura faz parte do Desafio Literário cujo tema do mê de outubro era a leitura de uma obra que contivesse uma lição de vida. Para ver as resenhas dos outros participantes vá aqui.

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Aleatoriedades Literárias

Sessão nova aqui no blog para abrigar o grande número de atividades entre os blogs, memes e outras aleatoriedades literárias que tem surgido. Eu particularmente gosto deste tipo de atividade por que elas são muito reflexivas sobre nossa própria identidade literária nos permitindo um conhecimento maior de nós mesmos enquanto leitores.

Hoje vou apresentar um meme que vai rolar por aqui e vai dominar o mês de novembro inteiro e que foi iniciativa da minha amiga Tatá que capitanea o blog Happy Batatinha. São perguntas, obviamente sobre literatura, na postagem de apresentação a Tatá explica em detalhes o funcionamente, querendo participar passe por .

E os temas são os seguintes:

Dia 01 – um livro que te surpreendeu completamente: pode ser tanto positivamente ou negativamente. Ou ambos. Vai de vocês. 🙂

Dia 02 – um livro que te fez chorar

Dia 03 – o melhor livro que você leu nos últimos 12 meses

Dia 04 – um livro que você leu mais de uma vez

Dia 05 – o primeiro livro que você lembra de ter lido

Dia 06 – capa de livro favorita

Dia 07 – um livro que achou difícil de ler: o difícil pode ser tecnicamente (ortografia, estilo) ou emocionalmente.

Dia 08 – um livro que todos deveriam ler pelo menos uma vez

Dia 09 – a melhor cena que você já leu: assim como nos filmes, sempre tem uma cena literária que fica marcada na nossa memória.

Dia 10 – um livro que você não terminou de ler: não esqueça de explicar o motivo do abandono.

Dia 11 – seu tipo de livro favorito: Romance? Suspense? Aventura? Ficção?

Dia 12 – um livro que te faz lembrar alguém

Dia 13 – um livro que você gostaria que virasse filme

Dia 14 – personagem de livro favorita: pode ser homem ou mulher.

Dia 15 – um livro que te conforta: aquele que você gosta de ler quando está triste, jururu, beiçuda com o mundo. O livro-chocolate da sua vida.

Dia 16 – um livro que você gostou e que virou filme

Dia 17 – uma personagem de livro que você gostaria de chamar de seu: para namorar, casar, amassar, ter um love ou coisa do tipo.

Dia 18 – um início de livro que você gosta

Dia 19 – um livro que mudou a tua cabeça sobre um determinado assunto

Dia 20 – um final de livro surpreendente: como no dia 01, pode ser tanto positivamente ou negativamente. Ou ambos. E cuidado com os spoilers!

Dia 21 – um livro guilty pleasure

Dia 22 – casal literário favorito

Dia 23 – uma personagem irritante: pode ser homem ou mulher.

Dia 24 – uma citação de livro que você gosta

Dia 25 – 5 livros que estão na tua pilha de “vou ler”

Dia 26 – um livro que você gostaria de ter escrito

Dia 27 – se um livro tem ___, você sempre lê: não deixe de mencionar um livro que tenha o seu item indispensável.

Dia 28 – um livro que você gostaria de ler mas que por algum motivo nunca leu

Dia 29 – um escritor que você adora e um que você detesta

Dia 30 – qual(is) livro(s) você está lendo agora?

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Para além de palavras e entrelinhas

Eu tenho uma lista de futuras leituras, que eu costumo chamar carinhosamente de alien de crescimento exponencial e ela é massivamente alimentada pelas resenhas feitas pelos amigos que comungam do prazer da leitura comigo, já comprei livros indicados pela Tatá, pelos amigos do Meia Palavra e pelo Alexandre Kovacs que capitanea o ótimo blog Mundo de K. e foi de lá que peguei indicação do livro O Túnel, do Ernesto Sábato, e qual não foi a minha surpresa, ao comprar este livro pela Estante Virtual, que ele me traria bem mais do que uma ótima história.

O último leitor, suponho eu, já que posso apenas supor ser o último, deixou seu rastro no livro: várias passagens grifadas, vários questionamentos nas margens, uma pétala minúscula e um inseto amassado. E tudo isso me emocionou de uma maneira que só um livro de páginas amareladas e lastro de seus leitores é capaz.

Durante a leitura ao me deparar com um grifo me via transportada para além da minha leitura, me pegava questionando quais os motivos que fizeram este leitor ou leitora grifar justamente este trecho, o que estas palavras significaram para esta pessoa, anônima que agora também faz parte da minha história enquanto leitora. Esta experiência é algo que valorizo muito, justamente por isso sou figurinha carimbada nos sebos, tanto virtuais quanto físicos, é algo impressionante como a leitura une as pessoas, muitas vezes de maneiras pouco ortodoxas, já que eu e esse leitor fomos leitores do mesmo livro (objeto) em tempos e lugares diferentes e fomos tocados por ele de forma diferentes, mas mesmo assim estamos ligados por este objeto que já foi dele e agora é meu, o que nós faz também iguais.

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O livro do cemitério

Neil Gaiman divulgou amplamente que se inspirou em O Livro da Selva, de Rudyard Kipling, para escrever "O Livro do Cemitério" e se tem uma algo que Gaiman faz bem é resignificar referências, não apenas lhe dando uma nova roupagem, mas criando algo totalmente novo e inusitado.

A história começa com o assassinato de três membros de uma família, apenas um bebê de pouco mais de um ano escapa à chacina. Este menino é adotado pelo casal de fantasmas Sr. e Sra. Owens e seu nome passa a ser Ninguém Owens e ganha a "liberdade do cemitério", ficando sob a tutela de Silas, um estranho morador do lugar.

A estrutura narrativa do livro traz os capítulos quase como histórias isoladas, mostrando diferentes passagens marcantes da vida de Nin, todas elas bem amarradas entre si até o momento em que ele começa a perceber que o cemitério sempre o protegeu, mas que o perigo ainda o espreita lá fora. Aqui a história evolui e nos vemos descobrindo junto com Nin os mistérios que envolvem a morte de sua família, e os motivos tantos anos depois ainda ser perseguido pelo assassino.

Gaiman nos brinda com uma história repleta de significados que vão além das aventuras de Nin para se descobrir enquanto pessoa e qual o seu lugar, e enquanto vamos desvendando os mistérios que permeiam a vida de Nin, também vamos fazendo conexões que nos levam a reflexões sobre a importância de se viver plenamente e esta é justamente a mensagem que o livro nos deixa. É sem dúvida uma leitura gratificante, prazerosa e enriquecedora.

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Lumos

#Lumos Maxima

As livrarias vão acabar e a culpa não é minha – ótimo texto do Gustavo Brigatti, no blog Mundo Livro, recomendo que se leia também os comentários

As livrarias vão acabar e a culpa não é minha, mesmo – continuação do ótimo texto do Gustavo Brigatti, lá no Mundo Livro.

Casas Literárias – Tássia Kastner responde a pergunta: com que livros você construiria uma casa?

The Secret Annex Online – Faça uma visita virtual ao Museu de Anne Frank.

Resenha – Happy Batatinha andou lendo Cotoco de John Van de Ruit e rolou resenha batuta por lá.

#Nox

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O Túnel

O túnel foi lançado em 1948, e é antes de tudo um livro sobre a solidão, sobre a dificuldade de nos conectarmos ao outro. O livro adquire um tom melancólico de monólogo na narrativa em primeira pessoa, onde o pintor Juan Pablo Castel nos fala sobre a sua obsessão por uma mulher, Maria Iribarne e de como essa obsessão o levou a matá-la.

Ao nos depararmos com o relato de Castel, vamos percebendo palavra após palavra que ele, apesar do sucesso profissional se sente um deslocado, que não se ajusta à sociedade, sente-se até mesmo superior, seu pensamento analítico ao mesmo tempo em que o faz crítico vai lentamente o levando para o limiar da loucura, e ele transita ora de um lado da linha ora de outro.

Em seus momentos de loucura o ritmo frenético com que sua mente trabalha o leva a criar hipóteses e a tomá-las como verdadeiras sem a mínima fundamentação para embasá-las. Já em seus momentos de lucidez percebe o quão bizarros são seus pensamentos e atitudes, no decorrer da narrativa os momentos de lucidez vão se tornando cada vez mais escassos, até os devaneios dominarem totalmente a mente de Castel.

Sábato nos brinda com um obra onde a solidão humana é exposta de forma visceral e pungente e traça um perfil ainda tão atual da nossa vida em sociedade, onde nos refugiamos no interior de nossos próprios túneis.

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