“No meu sonho, aquela era a lígua do que é, e tudo o que fosse falado nela se tornava realidade, porque nada dito com ela pode ser mentira. A língua é o fundamento da construção de tudo.” (p. 56)
Depois de dez anos, eis que surge um novo romance adulto do Gaiman, confesso que esperei pelo lançamento como se não houvesse amanhã
Um leitor mais aplicado e que acompanha a obra de Gaiman facilmente encontra familiaridade com as referências presentes na história, o próprio Gaiman já falou em entrevistas sobre as ligações entre seus livros, e é sempre muito gratificante perceber o poder que ele tem de reinventar e articular o mesmo universo literário em histórias tão diferentes.
O oceano no fim do caminho tem um protagonista sem nome, que aos 47 anos retorna a sua terra natal para um enterro, e se vê recordando uma história há muito enterrada nas profundezas do seu subconsciente.
Somos sugados para as lembranças desse homem e a partir de então, vemos tudo sob a ótica de um assustado menino de 7 anos, que vê seu mundo ser povoado de acontecimentos e criaturas pertubadoras.
Gaiman é um mestre da escrita, sim isso soa um clichê, mas nem por isso deixa de ser visceralmente verdadeiro, poucos autores que li, conseguem fazer o que ele faz. Ele cria um universo onírico em que não sabemos mais se estamos apenas presenciando a explicação criada pela mente de uma criança para elaborar acontecimentos terríveis ou, se o horror mágico é mesmo real, o que é extremamente inquietante, porque na verdade as duas possibilidades são essencialmente perturbadoras.
A angústia é um sentimento constante durante a leitura, assim como a sensação inquietante de sentir-se encurralado e sem perspectivas. Contudo, a melancolia é pungente e sentimos que mesmo perturbado pelas lembranças, o menino sente uma nostalgia por tudo que viveu.
Enfim, Gaiman mais uma vez me surpreendeu e me fez amá-lo ainda mais, este é, como ele mesmo define, um “um livro sobre o poder que as histórias fornecem para enfrentar a escuridão dentro de cada um de nós.”
GAIMAN, Neil. O oceano no fim do caminho. Tradução de Renata Pettengill. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.
Olha, nunca li nada do Gaiman, apesar de há anos conviver com uma vontade imensa de ler Sandman. Li várias resenhas de O Oceano no Fim do Caminho e acho que eu iria me identificar bastante com o livro. Todo o aspecto psicológico do enredo, a visão infantil dos fatos e boa dose de perturbação e nostalgia são aspectos que me atraem. Acho fantástico esse poder de entrelaçar os diversos livros em um mesmo universo, como se uma grande mitologia abraçasse todas as histórias, pelo menos é o que eu tenho ouvido falar do autor ao longo dos anos. Realmente preciso ler alguns de seus livros, e cada vez me convenço mais disso.
Um beijo, Livro Lab
Báh, @Aline, recomendo que leia algo do Gaiman, com todas as minhas forças hehehehehe…
O oceano é uma obra bacana para se começar, se quiseres algo mais leve leia Belas Maldições, dele e do Terry Pratchett, é de morrer de rir
estrelinhas coloridas…
Pingback: Mais do mesmo | Bibliophile
Eu adoro o Neil Gaiman, mas confesso que li só uns quatro dele por enquanto e estou ansiosa por este!
Olá, @Paola Severo, este vale toda ansiedade pré-leitura, é um livro fantástico, ainda mais, para quem já curte e leu outras obras do Gaiman.
Obrigada pela visita
Eba! Consegui voltar aqui!
Sobre sua resenha: isso, isso e isso mesmo! Descreveu perfeitamente, Mi. E apesar de eu ter medo de Gaiman (risos), ele estranhamentenme fascina.
Beijo!
Mi, que saudade das suas resenhas! <3
Como disse a Ana aí em cima, eu realmente tenho medo do Gaiman, mas vou com medo mesmo e sempre vale a pena a jornada louca e assombrosamente linda!
Beijos! ;*
Oi, Jéssica!
Obrigada pelo carinho e pela presença constante neste meu blog abandonado. Hoje, o bibliophile retornou
estrelinhas coloridas…