Nuvens de Magalhães (Mercado Aberto, 2002, 208 páginas), de Manoela Sawitzki, conta a história da família Magalhães, com um estrutura narrativa que intercala os delírios e divagações da pequena Amarina com a saga da formação do núcleo familiar cujos elos que unem seres tão díspares são feitos unicamente de ódio.
Marília e Bianor gastam a sua existência ruminando o ódio que sentem um pelo outro, ele usando os seus direitos de esposo transformando a vida dela numa constante prisão e ela revida tendo mais amantes que se poderia supor possível para uma moça casada e constantemente vigiada.
A história tem uma influência clara do realismo fantástico, que é bem dosada com figuras como Hipólito Müller e seus pais que sem dúvida poderiam viver em Macondo1 e empregam à narrativa uma pitada de insanidade que permeia a história mas não é o fio condutor dela.
A princípio parece que a personagem principal será Amarina, mas não, o centro da história é sua mãe, Marília, moça linda que é obrigada pelo pai a se casar e diante do inevitável se dedica a odiar o marido de todas as formas possíveis. É pela ótica de Marília que somos conduzidos a maior parte da narrativa.
É uma história interessante que nos mostra o poder destrutivo do ódio cego, da fúria colérica, mas que perde um pouco a força com uma narrativa um pouco confusa no final, mas é acima de tudo uma história sobre pessoas, suas escolhas e suas sinas.
São às vezes as galáxias o que aos nossos olhos terrenos não passam de manchas. Tão próximas que nunca alcançamos, de tal modo entre si afastadas as Pequenas e as Grandes Nuvens de Magalhães ligam-se por um estranho bando de estrelas desgarradas, dançando pelo espaço feito uma imensa ponte erguida no vazio.”
Esta leitura faz parte do Desafio Literário by RG, cujo tema do mês de junho era a leitura de uma escritora brasileira. Tu podes ver as resenhas dos outros participantes aqui.
Boa resenha, mas acho que tenho que estar num humor muito específico para le-lo.
Então Laura, acho mesmo que esse livro requer ou o compromisso com o desafio ou então um estado de espírito bem específico mesmo… acertou em cheio!
estrelinhas coloridas…
Ei Mi,
Adoro como vc escreve este “tu podes”, bem do Sul rsrsrs
Ah não conhecia o livro nem a autora, gosto muito de resenhas assim diferentes mas prefiro uma leitura mais leve no momento 🙂
bjoo
Báh Nanda se tu me ouvistes falando então… meu sotaque é bem característico aqui do sul rsrsrs
Acho que a Manoela é mesmo bastante desconhecida fora do RS, aqui teve um estardalhaço no lançamento do livro, que me deixou curiosa, e que apesar da leitura agradável não se mostrou merecido.
estrelinhas cooloridas..
Gostei da sua resenha!!! Não conhecia este livro e parece ser bom… Uma história bastante instigante!!!
Olá Isabeli, obrigada pela visita e pelo comentário. Que bom que gostastes da resenha, o livro é mesmo bastante desconhecido.
estrelinhas coloridas…
Geralmente as historias sao conduzidas pelo amor, pelo romance, esta deve ser meso interessante ja’ que o o’dio e’ o fio condutor. Gostei da sua escolha. beijos
Oi Larissa, é interessante e opressora, é tanto ódio que nem sabemos se temos pena ou detestamos as personagens!
estrelinhas coloridas…
Oie!
Gostei do jeito que vc analisou a estória… vc é especialista em literatura ou coisa parecida?
O seu livro precisa de clima pra ser lido… igual ao meu… escolhi Clarisse, sabe como é… ahhahaha
Beijos, boa resenha!
Olá Dani, obrigada pela visita e pelo comentário, fiquei lisonjeada que tu gostastes de minha resenha. Não sou especialista em literatura não, já fiz alguns cursos de estudos literários, mas minha experiência é mesmo de leitora. Escolher Clarice é sempre uma boa escolha, mas é fato também que precisa mesmo de maturidade literária para ela.
estrelinhas coloridas…
Acho que me daria bem com essa leitura! Pareceu-me muito inspirador.
Beijocas
Oi Vivi é cruel e sofrido, mas também inspirador. Como sempre o desafio me proporcionou o alargamento dos meus horizontes literários.
estrelinhas coloridas…