O mundo é o que você come: uma família prova que você pode comer cuidando da sua saúde e da saúde do planeta (Nova Fronteira, tradução de Lourdes Sette, 2008, 479 páginas), de Bárbara Kingsolver é o como já diz o subtítulo o relato da experiência de uma família para se alimentar apenas com produtos locais durante um ano, para tanto eles se mudam para uma fazenda centenária, onde cultivam todo tipo de hortaliça imaginável, criam galinhas e perus, os produtos aos quais não tem autonomia para produzirem são comprados de produtores locais, ou então suprimidos do cardápio. Durante este ano eles têm a chance de recriar uma relação mais profunda com seus alimentos, ao perceberem que a comida processada, que para ser produzida precisa desviar rios e consumir combustível, não é tão necessária. O livro é permeado com informações técnicas de como o consumo inconsciente dos alimentos afeta o planeta. O foco do livro não são apenas os alimentos orgânicos, mas também os que não estejam fora da estação na localidade, que seja proveniente de estabelecimentos que tenham toda uma ideologia de comida local, trazendo como embasamento dados preciosos sobre como o ato de comer está intrinsecamente ligado à produção de petróleo, a queima de combustíveis, ao uso indiscriminado de pesticidas, ao confinamento animal, e seus impactos ao meio ambiente.
O livro tem pontos realmente interessantes no que dizem respeito à produção de carne e a opinião desta família em relação ao seu consumo, segundo eles, que por vários anos foram vegetarianos, a produção de carne para abate deve ser de criação livre nos pastos e não em confinamentos (os chamados CAFO’s).
As experiências e dados mostram claramente o descontentamento de uma família estadunidense com a falta de uma tradição alimentar própria de seu país e tentam eles mesmos resgatar uma cultura alimentar há muito suprimida pelos interesses de grandes produtores rurais.
O mais gostoso deste livro é que ele é realmente um relato verdadeiro, meio que diário escrito a seis mãos na verdade (pai, mãe e filha mais velha), que nos mostram que a despeito de gostarmos ou não todos os nossos atos influenciam o nosso futuro, inclusive se alimentar.