"Queridos leitores, rogo a Deus que lhes resguarde o apetite, o estômago – e os poupe de fazer literatura…"
O curioso e delicioso livro Memórias Gastronômicas de Alexandre Dumas nos revela uma faceta peculiar do escritor de mais de 300 livros, entre eles os clássicos O Conde de Monte Cristo, Os três Mosqueteiros e Memórias de um Médico, o de amante da boa mesa, mas não apenas um amante qualquer, mas sim um dedicado, empenhado e acima de tudo apaixonado pelos prazeres da culinária. Esta obra é a introdução do "Grande dicionário de culinária" que foi publicada originalmente com a colaboração do jovem Anatole France, aqui ela se apresenta dividida em duas partes
Por toda a narrativa é fácil perceber o entusiasmo do autor pela comida, essa admiração salta aos olhos e seja o texto uma recordação pessoal ou discorrendo sobre personalidades históricas, como Bonaparte e Carême, são sempre muito fluidos e agradáveis de ler. Na segunda parte da narrativa Dumas nos leva através dos tempos desde a primeira maçã até a inauguração do primeiro restaurante em Paris, as referências históricas, bíblicas, mitológicas e o tom cômico fazem a leitura da história da gastronomia ainda mais divertida.
"Há três espécies de apetite…
2. O que sentimos mesmo sem fome, depois de já termos saboreado um prato de respeito, o que consagrou o provérbio: Comer e coçar é questão de começar…"
O livro é encerrado com um "Cardápio D’Artagnan" que inclui receitas de Bouilabaisse à la Nîmoise, aspargos fritos, filés de pato com laranja, Tournedos, Bolo à la Madeleine, e dos molhos Ravigote, Poivrade e Espanhol, todas retiradas do Grande dicionário de culinária.
O livro sem dúvida agrada ao que gostam de boa literatura e boa mesa, a edição caprichada da Jorge Zahar Editor conta com tradução, apresentação e notas de André Telles.
"Minha reputação culinária… promete apagar minha reputação literária."
Esta leitura faz parte do Desafio Literário 2012, cujo tema de janeiro é Literatura Gastronômica.
Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.