Cartas à mãe direto do inferno, de Ingrid Betancourt, é uma obra peculiar porque ela nada mais é do um manifesto desesperado de quem, após mais de 5 anos privado da liberdade, tendo uma selva como cativeiro, desistiu de lutar.
Na primeira parte do livro temos a carta enviada à Yolanda, mãe de Ingrid que foi escrita de um só fôlego no dia 24 de outubro de 2007 e nos mostra uma mulher derrotada pelas adversidades, alguém que já desistiu de si mesma, mas não dos seus, como podemos ver nestes trechos em que se dirige principalmente aos filhos Mèlanie e Lorenzo e ao enteado Sebastien.
“Quanto mais fortes somos, mais conseguimos alcançar nossos objetivos, mais as oportunidades se apresentam, maior é o mundo a que aspiramos.”
“Estudar é crescer: não apenas porque aprendemos, mas também porque é uma experiência humana, poque, à sua volta, as pessoas o enriquecem emocionalmente, obrigando-o a um maior autocontrole, quando o ego é reduzido à sua menor expressão e dá lugar à humanidade e à força moral”
“Durante anos pensei que enquanto estivesse viva, enquanto respirasse manteria a esperança. Não tenho mais essa força, para mim é muito difícil continuar a acreditar, mas quero que saibam que o que vocês fizeram por nós fez a diferença. Nós nos sentimos seres humanos. Obrigada.
É a decisão de agir face ao inaceitável, porque, definitivamente, tudo que aconteceu aqui é simplesmente inaceitável.”
Estes excertos não dão conta de nos proporcionar uma ideia do que tenha sido os mais de 6 anos de cativeiro, vivendo com frio, fome, dormindo em buracos no chão, privada de tudo que lhe fazia essencialmente humana.
O livro nos confronta com uma realidade que muitas vezes preferimos deixar do lado de fora de nossas vidas, mas não podemos fechar os olhos ao que seres humanos fazem a outros seres humanos em nome de ideologias absurdas, como se algo justificasse destruir uma vida.
Este relato não nos fala com detalhes da guerrilha, mas consegue nos fazer sentir um medo visceral, o medo de termos nossa liberdade cerceada, de termos extirpado de nós aquilo que temos de mais humano pelo nosso semelhante.
Esta leitura faz parte do Desafio Literário cujo tema do mê de outubro era a leitura de uma obra que contivesse uma lição de vida. Para ver as resenhas dos outros participantes vá aqui.
estrelinhas coloridas…
Nossa, a carta nos dá um senso de desesperança e desabafo. Com certeza merece uma leitura. 🙂
Beijocas
Vivi é mesmo uma sensação tão forte de desesperança que chega a doer. Vale a leitura.
estrelinhas coloridas…