Para Sempre

Para Sempre conta a história de Ever, uma menina que até a pouco tempo costumava ser uma adolescente comum, tinha amigos, era líder de torcida, mas um acidente que mata seus pais, sua irmã caçula Riley e sua cadela Buttercup, ela sobrevive mas carrega como uma lembrança permanente de sua experiência de quase-morte a capacidade de ver auras e escutar pensamentos.

Após o acidente ela passa a morar com a tia, sua única parente, e agora é uma menina muito diferente, desorientada, confusa e que se esconde sob o capuz de agasalhos largos e está sempre com o ipod ligado no volume mais alto em uma tentativa de manter afastadas a profusão de pensamentos nem sempre agradáveis a sua volta. Nesta sua nova vida ela tem apenas dois amigos, Haven e Miles e é também em sua nova escola que ela conhece Damen, um garoto absurdamente lindo e que tem a capacidade de neutralizar as interferências energéticas que inundam a mente dela, isso faz com que ela fiquei intrigada e assustada ao mesmo tempo.

Não sei vocês mas eu ando meio cansada de livros cuja trama envolve mocinho imortal + mocinha + vilões rasos, e Para Sempre não é nada além disso. Tem uma estrutura narrativa fraca, personagens que não causam empatia e uma profusão de influências espiritualistas que ao invés de instigarem a curiosidade cansam. As personagens são uma galeria de caricaturas, a protagonista é irritante ao extremo, se esconde no papel de vítima ao invés de enfrentar seus traumas, Haven tem uma autoestima tão baixa que se fossemos medir ela teria índice negativo, as antagonistas são tão senso comum que chega a ser risível, Miles o amigo gay ainda tem uma tiradas engraçadas mas ainda assim caricato e ainda temos Damen, o garoto cuja beleza beira à perfeição, é misterioso e esconde um segredo ancestral. Opa! Já não conhecemos esse enredo? Pois é as semelhanças com outras séries com temática sobrenatural saltam ao olhos e me deixaram com expectativas muito baixas e isso foi ótimo porque trama não surpreendeu em nenhum momento, é um amontoado de clichês que não trazem nenhum sopro de frescor que os justifique, é o velho mais do mesmo.

O segredo de Shakespeare

"… a história do garoto de Stratford ilustra uma questão de grande importância: a genialidade pode surgir em qualquer lugar. Qualquer um pode ser grande.”

Kate Staley, uma estudiosa de Shakespeare que largou a vida acadêmica para ser diretora de teatro, está prestes a estreiar Hamlet no Globe em Londres que é uma cópia do teatro medieval de Shakespeare, quando recebe a visita de sua antiga orientadora Roz, com quem teve um desentendimento. A visita de Roz não é mera casualidade, ela diz a Kate que descobriu algo e que precisa de sua ajuda, as duas marcam um encontro em outro local, mas a orientadora é assassinada antes que possam se falar, e o Globe é incendiado assim Kate se vê jogada em uma aventura, com direito à perseguição policial e um lastro de incêndios e assassinatos.

Me interessei por este livro porque é sobre o bardo, conheço superficialmente a sua obra, mas sempre tive vontade de aprender mais sobre ele. O pouco que eu conhecia se resumiam nas teorias Oxfordianas de que Shakespeare é na verdade é Edward de Vere, 17º Conde de Oxford e o genial jogo de palavras com os quais ele brincava em seus sonetos.

A história é bem ao estilo dos thrillers históricos como Código da Vinci, uma trama intrincada de mistérios que vão se encadeando ao longo da narrativa, a qual achei um pouco enfadonha em alguns pontos, principalmente na história paralela que entremeia a ação nos dias atuais. Várias “viradas” na história são desnecessárias e a tornam cansativa, mas mesmo assim o livro prende a atenção. Para quem como eu conhece pouco do contexto histórico da vida e da obra de Shakespeare o livro pode parecer confuso tamanha a quantidade de informações e referências, mas ainda assim a leitura é uma boa diversão.

Casais apaixonados, por livros

Alguns casais além de apaixonados um pelo outro, também compartilham a paixão pelos livros, e na hora de dizerem sim, alguns deles incluem essa paixão na cerimônia e na festa, é uma forma de imprimir a personalidade do casal este momento especial. Já outros que não tem a oportunidade de se casarem em uma biblioteca, fazem ensaios fotográficos entre os livros.

Cartas a um jovem poeta

Paris, fevereiro de 1903. Rainer Maria Rilke (1875-1926) recebe uma carta de um jovem chamado Franz Kappus, que aspira tornar-se poeta e que pede conselhos ao já famoso escritor. Tal missiva dá início a uma troca de correspondência na qual Rilke responde aos questionamentos do rapaz e, muito mais do que isso, expõe suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida. A criação artística, a necessidade de escrever, Deus, o sexo e o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão inelutável do ser humano: estas e outras questões são abordadas pelo maior poeta de língua alemã do século XX, em algumas das suas mais belas páginas de prosa.

Comecei a escrever esta resenha no mínimo umas vinte vezes e as palavras sempre me parecem inadequadas, pequenas diante desta obra. É difícil falar de um livro que em 90 páginas diz tanto. Muitos dos que leem o blog há mais tempo sabem da minha antipatia pelos títulos de autoajuda e vejam só este livro passa bem longe deste gênero, mas encontrei nele reflexões tão pertinentes que para pessoas como eu, ele se configura em um livro que ajuda a encontrar o conforto de não se sentir só, pois o poeta com suas palavras nos instiga a abraçar os questionamentos que fatalmente não tem respostas.

“Sinto que nunca um homem poderá dar uma resposta às perguntas e aos sentimentos que têm vida no fundo do seu ser. (…) Peço-lhe que tente ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e como livros escritos em língua estrangeira. Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. E é disto que se trata, de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, a um belo dia, sem perceber, a viver as respostas.”

O livro conta com uma edição caprichada da L&PM, com direito à resumo biobibliográfico e também uma apresentação que contextualiza a obra, facilitando a leitura até mesmo para aqueles que não conhecem a obra de Rilke. Esta leitura figura entre as que considero fundamentais para qualquer leitor, e é claro recomendo a todos.

RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. Tradução de Paulo Sussekind. Porto Alegre: LP&M, 2007. (Coleção LP&M Pocket Plus).

Esta leitura é a terceira dentro da temática Biografias e/ou Memórias que corresponde ao mês de fevereior para o Desafio Literário 2011 e com ela eu cumpro a minha meta deste mês, e que venham as leituras de março!

A escrita de um homem só

“Tu usas a imaginação para completar as lacunas da tua vida, prover explicações para as coisas que não entendes, traçar caminhos, entender o passado.”

Que deleite poder ler esta biografia de Moacyr Scliar, faziam 5 anos que ela estava aqui na estante e sempre postergava a leitura. O livro me encantou por ser escrito em capítulos bem diferentes entre si, o que confere à obra uma cadência de leitura muito fluída e dinâmica. O primeiro capítulo, denominado diálogos é uma entrevista em que o autor fala do processo criativo, da leitura no Brasil, sobre a Academia Brasileira de Letras, foram as respostas sobre esta temática que mais me encantaram, descobrir que um autor que eu já admirava pela obra também tinha ressentimento pelo fato de Mário Quintana não ter sido eleito foi digamos, reconfortante, e a admissão pública de que aceitou concorrer a uma vaga na ABL por pressão, por causa do movimento para colocar um gaúcho lá, fez com que eu o admirasse ainda mais. Entendemos também a influência de sua carreira de médico em sua vida pessoal e em sua escrita.

"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".

O segundo capitulo é um linha do tempo sobre a vida e as principais obras e prêmios de Scliar onde podemos conferir que o judaísmo representou um papel muito importante na obra dele. O terceiro capítulo é um ensaio entitulado Moacyr Scliar: tradição e renovação, escrito pelo Dr. Flávio Loureiro Chaves.

O capítulo 4 é a bibliografia do autor e sobre o autor e caramba ela dá uma dimensão exata do quão prolífico Moacyr Scliar é. são mais de 80 livros publicados entre contos, crônicas, ensaios, romances e infanto-juvenis. O capítulo 5 traz uma amostra do talento do escritor em três ótimos contos e o livro se encerra com depoimentos sobre o autor no capítulo 6, dentre os quais o mais emocionante e pungente é o de seu filho, Beto Scliar:

“Nunca entendi direito porque na escola todos se impressionavam quando falavam de Moacyr Scliar. Pra mim ele era simplesmente uma pessoa normal com um trabalho normal.

Ao longo dos anos, comecei a acompanhar silenciosamente o trabalho desse cara, às vezes médico. Comecei a entender a importância do Doutor Moacyr todas as vezes que eu ficava doente.

O Moacyr escritor veio ainda na época de colégio, quando eram obrigatórios os livros dele, aí descobri o Moacyr escritor, com O tio que flutuava. Foi nesse momento que aprendi a gostar de literatura.

O Moacyr da coluna semanal no jornal descobri aos poucos pelos comentários diários vindos de pessoas diferentes, que nem conhecia… Seus textos traziam denúncias, dicas de saúde e vários textos engraçados para divertir seus leitores.

Hoje parei para pensar… este Moacyr… é o meu pai!”

Moacyr Scliar: A escrita de um homem só. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 2006. (Coleção Autores Gaúchos)

Esta leitura é a segunda dentro da temática Biografias e/ou Memórias que corresponde ao mês de fevereiro do Desafio Literário.

Lumos

# lumos maxima

1 – 21 dicas para conservar seus livros e sua biblioteca – No blog Livros e Afins

2 – Aquelas resoluções impossíveis de ano novo – texto excelente do Joca Reiners Terron na estréia de sua coluna no blog da Cia das Letras.

3 – O escritor e Seus Fantasmas – Kovacs fala do livro em que Ernesto Sabato reflete sobre o ofício do escritor, no sempre excelente Mundo de K.

4 – 10 livros que se tornaram filmes e estarão nos cinemas em 2011 – No blog Listas Literárias.

5 – Os Gatos, T.S. Eliot – Anica fala do livro que inspirou o musical Cats e também porque escolheu essa obra para a biblioteca do pequeno Arthur.

# nox

A arte escondida nos livros

Mais um artista que transforma livros descartados em arte, Alexandre Koerzer-Robinson faz um meticuloso trabalho de recorte que preserva apenas as ilustrações originais das folhas dos livros, todo texto é descartado. Depois desta etapa ele lacra o livro e o resultado é uma pequena escultura bastante peculiar.

Me encantei por este trabalho, os mais puristas podem se chocar, mas o artista usou por exemplo uma tradicional enciclopédia alemã com dados desatualizados, dando à elas um fim bem mais nobre que a fogueira ou o lixo.

"Através do trabalho artístico, esses livros, tendo arrancandos seus aspectos utilitaristas pela passagem do tempo, ganham um novo propósito. Eles não são mais ferramentas para aprender sobre o mundo, mas um meio um indivíduo ganhar um insight de si mesmo." Alexandre Koerzer-Robinson