“O visitante do espaço realizava um estudo muito sério da cristandade para tentar compreender por que os cristãos achavam tão simples ser cruel.” pg. 114
Quando escolhi o livro Matadouro 5 do Kurt Vonnegut para o Desafio Literário, sabia apenas que ele era sobre viagens no tempo, nada mais. E assim, sem nenhuma expectativa, nenhum conceito pré concebido que me lancei na leitura dessa obra.
Passado vários dias que terminei a leitura, ainda me pego surpresa com a genialidade do autor, ele escreveu um livro sobre viagem no tempo, sobre guerra, sobre vida extraterrestre e na verdade nada disso é realmente fundamental para que compreendamos a mensagem pacifista que ele deixou para a humanidade.
“Disse a meus filhos que eles não devem em hipótese alguma participar de massacres e que as notícias sobre massacres dos inimigos não deixá-los nem orgulhosos, nem felizes”. pg. 25
Com uma narrativa totalmente metalinguística, o livro não é fácil, exige boa vontade do leitor, mas vale à pena o esforço para acompanharmos Billy Pilgrim em suas andanças pelo tempo e espaço, hora estamos em meio ao bombardeio a cidade de Dresden hora estamos em sua confortável casa na cidade americana de Illium. Como preparação para esta aventura temos o primeiro capítulo que traz, supostamente, a realidade, nele o autor contextualiza o livro bem como suas motivações para escrevê-lo, é um prelúdio que já mostra a que veio, pois nele já vamos percebendo que na escrita de Vonnegut não existem desperdícios, cada palavra, cada vírgula, cada ponto tem um objetivo, e esse objetivo creio eu, seja justamente o de lançar o leitor em uma aventura na qual ele não poderá ficar indiferente, não creio que exista a possibilidade sairmos ilesos de uma leitura tão impactante.
Mas que essa leitura seria uma experiência enriquecedora, desconcertante, absurda e surreal eu já devia ter previsto quando li a folha de rosto do livro:
Matadouro 5ouA cruzada das criançasuma dança com a mortedeKurt VonnegutAmericano de origem alemã de quarta geração que hoje vive tanquilamente em Cape Cod [fumando muito] e que, como soldado de infantaria americano hors de combat, como prisioneiro de guerra, testemunhou o bombardeio de Dresden, na Alemanha, “a Florença de Elba”, há muito tempo sobreviveu para contar a história.É uma novela que segue mais ou menos o modo esquizofrênico e telegráfico das histórias do planeta Tralfamador, de onde vêm os discos voadores.Paz.
VONNEGUT JR., Kurt. Matadouro 5. Tradução de Cássia Zanon. Porto Alegre: L&PM, 2011.
Esse é o verdadeiro Matadouro 5
Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012 cuja temática do mês de Junho era a leitura de livros sobre Viagens no Tempo.
Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.
Conhecia Matadouro 5 de nome, mas nunca tinha lido uma resenha, achava até que era, pelo nome, meio parecido com Butcher Boy. Me interessei, e é muito bom quando começamos um livro sem esperar muito dele e eles nos surpreende, como você disse. Um pouco por isso que não costumava ler sinopses antes de ter o blog, gostava de embracar na leitura o mais ingenuamente possível, e assim ir deswcobrindo o livro aos poucos. Vou anotar o nominho de Kurt Vonnegut aqui, quem sabe em breve me encontre com ele.
Grande abraço.
Parabéns, excelente resenha que me fez relembrar algumas passagens deste romance tão difícil de definir!
Oi, xará!
Também li esse livro para o desafio e, como você, a única coisa que eu sabia sobre a história era que tratava de viagens no tempo. Não estou acostumada a ler ficção científica, então penei no começo. Mas gostei da experiência, mesmo tendo a sensação de que fui engolida por um furacão e depois cuspida de volta. É mesmo impossível sair ilesa de Matadouro 5.
bjo!
Gostei da sua recomendação, pois não consigo ver a leitura sem a companhia da boa vontade. Dica anotada!