Depois de dois anos sem jogos, dia 13 de agosto está de volta a Copa de Literatura Brasileira. Este ano a disputa conta com 16 romances publicados em 2011 e 2012. A quinta edição do torneio tem como novidades as rodadas extras, uma de repescagem e outra chamada rodada zumbi para permitir uma nova chance aos livros que perderem na primeira fase, e as “mesas redondas” para cada rodada da Copa.
A Copa de Literatura foi criada em 2007, pelo economista e preparador editorial Lucas Murtinho. Sua inspiração foi o Tournament of Books, criado em 2005 pela revista eletrônica americana The Morning News em parceria com a livraria Powell’s.
Para saber mais e acompanhar as partidas confira o site da Copa de Literatura Brasileira.
Mês: julho 2013
Mais do mesmo
Ainda embriagada com a leitura de O oceano no fim do caminho, descobri algumas coisas bem interessantes sobre o livro para compartilhar por aqui:
1 – A prefeitura de Portsmouth (Inglaterra), onde se passa a história quer batizar uma rua com o nome do livro. A cerimônia de batismo deve ocorrer em 18 de agosto com a presença do próprio Gaiman. (Omelete)
2 – “Para Amanda, que queria saber”, essa é a singela dedicatória do Gaiman no início do livro, para quem quiser saber o significado e a força dessas palavras, vale a pena conferir a postagem da própria Amanda Palmer. (Blog da Amanda, em inglês)
3 – O Reinaldo, postou no excelente blog Darwin e Deus, uma entrevista de aquecer o coração dos fãs e nos fazer morrer ainda mais de amores pelo Gaiman, simplesmente imperdível. (Darwin e Deus)
O poder dos livros
O oceano no fim do caminho
“No meu sonho, aquela era a lígua do que é, e tudo o que fosse falado nela se tornava realidade, porque nada dito com ela pode ser mentira. A língua é o fundamento da construção de tudo.” (p. 56)
Depois de dez anos, eis que surge um novo romance adulto do Gaiman, confesso que esperei pelo lançamento como se não houvesse amanhã 😉
Um leitor mais aplicado e que acompanha a obra de Gaiman facilmente encontra familiaridade com as referências presentes na história, o próprio Gaiman já falou em entrevistas sobre as ligações entre seus livros, e é sempre muito gratificante perceber o poder que ele tem de reinventar e articular o mesmo universo literário em histórias tão diferentes.
O oceano no fim do caminho tem um protagonista sem nome, que aos 47 anos retorna a sua terra natal para um enterro, e se vê recordando uma história há muito enterrada nas profundezas do seu subconsciente.
Somos sugados para as lembranças desse homem e a partir de então, vemos tudo sob a ótica de um assustado menino de 7 anos, que vê seu mundo ser povoado de acontecimentos e criaturas pertubadoras.
Gaiman é um mestre da escrita, sim isso soa um clichê, mas nem por isso deixa de ser visceralmente verdadeiro, poucos autores que li, conseguem fazer o que ele faz. Ele cria um universo onírico em que não sabemos mais se estamos apenas presenciando a explicação criada pela mente de uma criança para elaborar acontecimentos terríveis ou, se o horror mágico é mesmo real, o que é extremamente inquietante, porque na verdade as duas possibilidades são essencialmente perturbadoras.
A angústia é um sentimento constante durante a leitura, assim como a sensação inquietante de sentir-se encurralado e sem perspectivas. Contudo, a melancolia é pungente e sentimos que mesmo perturbado pelas lembranças, o menino sente uma nostalgia por tudo que viveu.
Enfim, Gaiman mais uma vez me surpreendeu e me fez amá-lo ainda mais, este é, como ele mesmo define, um “um livro sobre o poder que as histórias fornecem para enfrentar a escuridão dentro de cada um de nós.”
GAIMAN, Neil. O oceano no fim do caminho. Tradução de Renata Pettengill. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.