Caminhos Cruzados, Érico Verissimo

Caminhos Cruzados (Globo, 299 páginas), de Érico Veríssimo é uma obra que sempre surpreende. A história não tem personagens centrais, não tem heróis nem mocinhas. É uma teia de histórias que se entrelaçam de uma maneira tão real, tão possível que até assusta.

Fica ao gosto de leitor decidir qual história é central, se é a de Fernanda ou Chinita quem sabe, ou mesmo a de Janjoca, ou talvez de Cacilda? Certo apenas é que nos enveredamos por dramas reais e imaginários, vidas sofridas e vidas felizes.

Cada personagem se apresenta de maneira única, cada um deles é um universo dentro da tecitura criada pelo autor, mas todos eles se encontram interligados por estes caminhos cruzados.

As personagens são uma perfeita caricatura da sociedade Porto Alegrense ainda na época dos casarões do Moinhos de Vento, é fácil nos ansiarmos diante da demagogia hipócrita de Leitão Leiria e sua fervorosa esposa dona Dodô, sempre posando de bons cristãos, mas apenas dois espíritos ???? revestidos pelo simulacro da caridade e da benevolência. Ou então nos compadecermos da situação de João Benévolo, amante dos livros, desempregado, sem perspectivas e com mulher e filho.

Quem sabe a identificação venha com Fernanda, guria boa, pobre, que trabalha de sol a sol, cuida da mãe, do irmão e sonha com Noel, este moço que vive no mundo da fantasia, recebendo mesada do pai, ignorado pela mãe.

A miríade de personagens torna fácil se perder no meio de tantas nuances, de tão diversas personalidades e é isto que dá graça e corpo a esta história que não é só uma, mas múltiplas histórias de caminhos cruzados.

A vida, prezado leitor, é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isto alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance. (Professor Clarimundo)

estrelinhas coloridas…

Uma opinião sobre “Caminhos Cruzados, Érico Verissimo

  • 10 de fevereiro de 2010 em 01:20
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    Esse dele eu ainda não li. Está na fila antes o Saga, para a monografia. A técnica usada na narrativa foi inspirada (se não me engano) no livro Contraponto de Aldous Huxley. Inclusive a denominação da tácnica ficou mesmo contraponto.

    Acho que é a desse livro, mas não posso afirmar com certeza.

    ótima resenha hein.

    beijos.

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    • 10 de fevereiro de 2010 em 01:38
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      Não sabia isso sobre a inspiração da narrativa, legal, vou pesquisar. Saga é ótimo também, eu vou reler toda a obra do Érico em ordem cronológica, quando li a primeira vez eu era muito nova, e quero ver se vai ter o mesmo impacto que teve antes…

      estrelinhas coloridas…

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  • 10 de fevereiro de 2010 em 12:25
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    muito legal o blog e a resenha!
    ainda não li nenhum livro do érico, vou ver se leio.

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    • 15 de fevereiro de 2010 em 15:01
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      Oi moça, báh leia mesmo algo do Érico, ele é genial, meu escritor favorito!

      estrelinhas coloridas…

      Resposta

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