"Não chegue a minha casa sem avisar. Surpresa boa mesmo é quando me dão chocolates sem que eu peça ou espere” (pg. 41)
Com um projeto gráfico que me agradou muito pela inovação e criatividade, “Annabel & Sarah” de Jim Anotsu foi uma grata surpresa, cheia de referências que vão desde a sétima arte até desenhos japoneses, o trecho que Annabel fala que Goku encontrou outra Esfera do Dragão me fez rir muito.
A trama, claramente inspirada em Lewis Carrol e Neil Gaiman, gira em torno de duas irmãs gêmeas, Annabel e Sarah que em comum só tem mesmo o DNA e a data de nascimento de tão diferentes que são e que ao serem obrigadas a passarem um final de semana juntas na companhia do pai se veem dentro de um bar abandonado decorado com pinturas de Andy Wharol onde a aventura tem início quando uma TV que se liga sozinha e puxa Sarah para outro mundo. Sem muitas opções Annabel parte em busca da irmã, depois de conversar com “Estrela da Manhã” que a instrui a procurar a flor “Amor Perfeito”.
A narrativa tem um ritmo muito interessante, pois assim como as duas irmãs são diferentes, sempre que estamos acompanhando cada uma delas em sua jornada nestes universos paralelos, somos apresentados a um texto totalmente diferente. Enquanto vemos Sarah em uma cidade totalmente distópica em que a felicidade é obrigatória e a tristeza punida severamente, Annabel é jogada em um mundo onde humanos são uma espécie em extinção e pandas são os caras maus. Já os Interlúdios foram uma sacada muito bacana porque eles contextualizam Annabel e Sarah levando a uma compreensão maior da personalidade das duas.
Uma das referências literárias que mais gostei foi o nome do lobo detetive Op Spade, que apenas quem leu O Falcão Maltês de Dashiell Hammet consegue captar, as referências são um dos grandes trunfos do livros, mas que podem passar totalmente despercebidas para o leitor com uma bagagem literária diferente. Kerouac e a Ilha da Expectativa são outros nomes curiosos que denotam o quão curiosa é a personalidade, não dos personagens mas do próprio autor que se despiu de seu próprio nome e construiu um autor-personagem que se coloca em cada uma das referências que permeiam o texto instigando a curiosidade do leitor.
Para além das referências, mas ainda esbarrando nelas, uma personagem que merece destaque é o cientista Cody Corso que inventou uma máquina que se chama Uivo (aqui não consigo deixar de pensar em Allen Ginsberg) que realiza viagens espaço-temporais pela Surdez, que nada mais é que o fino invólucro que separa os diversos mundos, aqui temos um jogo de palavras bastante engenhoso.
A idade que Jim Anotsu tinha quando escreveu a história talvez justifique o domínio da linguagem ainda imaturo, mas ele é um autor promissor, que conseguiu já em seu livro de estreia imprimir um ritmo fluido à narrativa somado a um estilo muito convidativo à leitura.
ANOTSU, Jim. Annabel & Sarah. São Paulo: Editora Draco, 2010
Já li e gostei bastante do livro, e as referências também captaram a minha atenção!
Báh Paola as referências tornam o livro muito especial né? Também gostei bastante do livro.
estrelinhas coloridas…
Fiquei bem curiosa com o livro, o argumento é muito interessante. Bem que eu poderia ter recebido esse livro no book tour ao invés de Sussurros de Uma Garota Apaixonada 🙁
Dani é bem interessante mesmo, achei ele bem legal e pelo que li da tua resenha acho que tu teria gostado mais dele mesmo hehehehe…
estrelinhas coloridas…
Não conhecia esse livro, mas parece ser interessante.
Anotado!
É bem interessante sim, xará e ainda mais para os leitores mais ávidos que pescam as referências que permeiam toda a narrativa.
estrelinhas coloridas…
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