A estrutura narrativa foi um dos aspectos que mais me cativou nesta leitura, a história nos é apresentada por um narrador onipresente e onisciente que se dirige diretamente ao leitor, esse recurso faz com que nos sintamos em uma conversa, dá até mesmo para imaginar a cadência da voz, a fluidez do discurso, sim sem dúvida o livro já me ganhou nas primeiras linhas.
O livro é composto de várias histórias, que vão se interligando de forma surpreendente, primeiro conhecemos Andrew Harrington, um jovem que teve sua vida profundamente afetada por Jack, o estripador, pois, sua amada Marie foi a última vítima do serial killer que aterrorizou Londres em 1888. Oito anos depois, quase enlouquecido pela dor, ele pretende voltar no tempo para impedir o assassinato de Marie, essa possibilidade se faz real com a inauguração de uma curiosa empresa chamada Viagens Temporais Murray que organiza viagens no tempo, a decepção no entanto não tarda a encontrá-lo quando descobre que apesar do nome plural a empresa só oferece viagens através da malha do tempo a uma única data, mais especificamente ao ano 2000. Também acompanhamos as divagações da jovem Claire Haggerty que gostaria de ter nascido em outra época tamanha é a sensação de estranhamento que tem diante dos hábitos e costumes da era vitoriana. E por fim temos H.G. Wells, o elo que faz a ligação entre todos os pontos da intrincada trama que Félix J. Palma teceu, e que também enfrenta desafios dignos de seus livros quando se depara com um misterioso viajante que ameaça assassiná-lo.
O livro é muito bem escrito, a trama é bem costurada, cheia de detalhes e desafia o leitor pois, intercala momentos repletos de adrenalina e suspense com outros onde as divagações se sobressem conferindo à narrativa um ritmo próprio e muito adequado para o desenrolar da história, mas que também pode decepcionar os mais afeitos unicamente à ação.
Para além de um livro sobre viagens no tempo, O mapa do tempo, é sobre as pessoas e como elas podem se deixar enganar quando seus anseios e desejos são atendidos pela mentiras. Gostei demais como as histórias se entrelaçaram, da participação de “personalidades” da era vitoriana, como Sherlock Holmes, Bram Stoker, Henry James, O Homem Elefantes, Jack, o Estripador, e é claro do próprio H.G. Wells e o desfecho delas foi simplesmente fantástico, sem dúvida é um livro que marca o leitor de várias formas, no que me diz respeito, todas elas foram muito positivas.
PALMA, Félix J. O Mapa do Tempo. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.
Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012 cuja temática do mês de Junho era a leitura de livros sobre Viagens no Tempo.
Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.
Faz anos que queria ler esse livro, até que resolvi comprá-lo há pouco tempo. Mas o tempo, esse inimigo, ainda não me deixou lê-lo.
@Aléxia, quando tiver tempo dá uma chace pra ele, é muito legal, acho que tu vais gostar 🙂
Nossa, muito legal, não dava nada por este livro! e de um modo ou de outro, ele meio que tem a mesma liçãozinha de moral do próprio Máquina do Tempo do Wells! “não se pode mudar o passado”, bem falo pelo que li da resenha
Oi @Débora, esse livro vale muito a pena é muito legal, mas ele tem uma pegada diferente de “A Máquina do Tempo”, mas se eu te falar perde a graça hehehehehe…
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