Laranja Mecânica

Quando vi o tema do mês de abril do Desafio Literário não tive dúvidas que ia incluir Laranja Mecânica como livro principal, fazia muito tempo que queria ler esta obra e por motivos que fogem a minha compreensão sempre adiava. Como eu não tinha o livro sai à caça dele, no Skoob descobri que ele tem várias edições e assim que bati o olho na capa da edição de 1962 coloquei na cabeça que queria esta edição, por dias e dias entrei na Estante Virtual para ver se encontrava e nada, isso foi no início de fevereiro, em 29 de março me dei por vencida e encomendei a nova edição da Editora Aleph e não me arrependi, eles fizeram um trabalho impecável.

O livro, escrito em 1962, é narrado em primeira pessoa por Alex, um adolescente que se orgulha dos atos violentos cometidos em uma sociedade futurista que não é situada temporalmente. A narrativa é feita em uma linguagem estranha, permeada de gírias Nadsat, que foi criada pelo autor baseada no idioma russo, confesso que depois de umas 10 páginas eu conferi o glossário que tem no final do livro, muitas pessoas recomendam ler e ir intuitivamente compreendendo o significado dos termos, para mim não funcionou e a leitura fluiu muito melhor depois da leitura do glossário.

Laranja Mecânica é daqueles livros que incomodam, a leitura é difícil não pela linguagem mais sim pelo conteúdo. As reflexões que fatalmente surgiram durante a leitura ficam ecoando na mente, é como a sensação de ficar cutucando um machucado, o principal questionamento que a leitura me provocou foi até ponto a violência, em níveis absurdos diga-se de passagem, é justificativa para privarmos um ser humano do livre-arbítrio? Quando Alex é preso por seus inúmeros crimes, ele é “voluntário” para experimentar a “Técnica Ludovico” que nada mais é do que a manipulação do cérebro por meio de drogas, música e vídeos, tudo isso embasado no princípio de condicionamento proposto por Pavlov e é não é mais capaz de nem sequer pensar nos atos que cometeu sem que isso tenha consequências físicas.

A reintegração de Alex à sociedade é outro momento da narrativa do qual emergem muitos questionamentos, como por exemplo quando ele encontra uma de suas vítimas, é impossível não se incomodar com a situação como um todo, não se questionar que tipo de sociedade produz jovens como Alex. Diante de tantas reflexões que este livro provoca. acredito que esta é uma daquelas leituras que todos devam fazer pelo menos uma vez.

Laranja Mecânica foi adaptado para o cinema pelo diretor Staley Kubrick em 1971, mas sem o capítulo final.

BURGESS, Anthony. Laranja Mecânica. Tradução de Fábio Fernandes. São Paulo: Aleph, 2004.

Esta leitura é a primeira para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de abril é a leitura de obras de Ficção Científica.

Confira no blog do Desafio as resenhas dos outros participantes.

O morro dos ventos uivantes, Emily Brontë

Ventos Uivantes - Livro O morro dos ventos uivantes (Abril Cultural, tradução de Oscar Mendes, 1971, 313 páginas), de Emily Brontë é considerado um dos grandes clássicos da literatura e conta a história do amor conturbado entre Catherine e Heathcliff. Amor é mais uma força de expressão tal a capacidade destruidora dos sentimentos dos protagonistas.

A obra é narrada em terceira pessoa, e é escrita de tal forma que nos faz querer saber o desfecho de tão sombria e conturbada história.

Tudo começa quando Heatcliff ainda menino é levado para casa pelo Sr. Earnshaw, e é “adotado” pela família, a adoção se dá apenas por parte do próprio Sr. Earnshaw e por sua filha Catherine, pois seu primogênito o odeia. O amor entre Catherine e Heatcliff é intenso porém sombrio, as personagens se rendem aos seus caprichos, e colocam outros interesses acima deste amor, que dizem ser imenso.

Catherine tem um temperamento difícil, é geniosa, mimada e egocêntrica, Heathcliff é um anti-herói em sua acepção mais plena, é rude, grosseiro e rancoroso.

Heatcliff some após ouvir Catherine dizer que irá se casar com Edgar Linton, e só volta tempos depois, instalando-se, para surpresa de todos, no Morro dos ventos uivantes, propriedade de irmão de Catherine que é seu inimigo. Lá ele começa a criar um vínculo com Hareton, sobrinho de Catherine, e ardilosamente a se tornar dono da propriedade.

A história decorre com acontecimentos tão inusitados que espantam até os mais avisados sobre as particularidades do romance, como o casamento de Heathcliff com Isabel, cunhada de Catherine e a posterior fuga dela ou então o nascimento da filha de Catherine, sem que a gravidez tenha sido mencionada uma vez sequer.

É sem dúvida uma obra magistral, com um texto primoroso e que nos mostra que mesmo que não nos identifiquemos com as personagens, ou para além disso que as detestemos podemos perceber a grandeza de um livro em cada linha, em cada palavra!

 

Se tudo perecesse, mas ele ficasse, eu continuaria a existir. E, se tudo permanecesse e ele fosse aniquilado, o mundo inteiro se tornaria para mim uma coisa totalmente estranha. (…)

Passeando por ai encontrei uma árvore genealógica dos personagens do livro, eu que adoro genealogia achei bem legal 😀

 

Wuthering_Heights_Genealogy

Essa foi a minha leitura para o Desafio Literário, cujo tema do mês de março era a leitura de um clássico da literatura universal.

Roverandom

roverandom Roverandom (Martins Fontes, tradução de Waldéa Barcellos, 2003, 127 páginas), de J.R.R. Tolkien narra a história de um cãozinho que foi enfeitiçado pelo mago Artaxerxes e virou um cão de brinquedo, e que por conta disso vive muitas aventuras. Depois do feitiço ele é dado de presente à um menino que o perde na praia. E ao conhecer outro feiticeiro é que começam as aventuras de Rover, pois Psamatos Psmatides, o feiticeiro da areia o envia para Lua e lá ele vive muitas aventuras junto de outro cão chamado Rover e passa a se chamar Roverandom, depois de muito tempo na lua, Rover retorna à praia e logo depois viaja para o fundo do mar para procurar o mago que o enfeitiçou para tentar voltar a ser de verdade. Lá ele vive mais aventuras até poder retornar à sua antiga dona e ter uma surpresa.

Tolkien escreveu esta história em 1925 para consolar seu filho, Michael que durante as férias na praia perdeu seu cãozinho de brinquedo e hoje 85 anos depois ela ainda encanta. É uma leitura leve mas primorosa, bem característica de Tolkien, com ótimas e ricas descrições, seres mágicos e muita aventura.

Esta leitura faz parte do desafio literário, cujo tema de fevereiro é um livro que nos remeta aos contos de fada. Veja outras resenhas aqui.

estrelinhas coloridas…

O inimigo secreto, Agatha Christie

o-inimigo-secreto O inimigo secreto (BestBolso, tradução de A.B. Pinheiro de Lemos, 2009, 319 páginas), de Agatha Christie nos apresenta a primeira aventura do casal Tommy e Tuppence. Os dois são amigos de infância e durante uma conversa decidem fundar uma empresa de investigação, a Jovens Aventureiros Ltda.

O primeiro trabalho deles surge de forma bastante peculiar, Tuppence é abordada por um senhor, chamado Whittington que ouviu a conversa entre o casal quando eles decidiram fundar a agência. No encontro marcado ela se apresenta como Jane Finn, pois fica receosa de dizer sua verdadeira identidade para este excêntrico senhor. Assim que ela pronuncia o nome ele fica transtornado, e depois de fazer muitas perguntas à jovem decide lhe dar uma soma em dinheiro e pede que ela volte na manhã seguinte, mas na manhã seguinte ele já havia sumido.

Após este estranho acontecimento Tuppence e Tommy ficam muito curiosos a respeito de Jane Finn e querem a qualquer custo descobrir o que há por trás deste misterioso nome, decidem então colocar um anúncio no jornal ao qual respondem dois senhores, o primeiro deles Sr.º Carter que diz trabalhar para o governo inglês e quer contratar os serviços da Jovens Aventureiros Ltda, e Julius Hersheimer que se diz primo de Jane Finn.

O único dado efetivo que eles tem sobre a moça desaparecida é que ela embarcou em um navio rumo à Europa e depois disso sumiu, possivelmente portando documentos secretos que poderiam comprometer o governo inglês.

Enveredados em uma trama cada vez mais intrincada o jovem casal descobre que não são os únicos que querem saber o que aconteceu com Jane Finn, que em seu encalço também está um homem misterioso que é conhecido apenas por Sr.º Brown.

Uma trama ágil e recheada de suspense que nos surpreende até a última linha não só pela maestria com que Agatha Christie conduz a história mas também pelo humor presente em cada página.

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p.s. Ontem alguém sentiu falta da estante de quinta? Pois é,  uma otite absurda me tirou de circulação, e no pouco tempo que entrei na net ontem me esqueci mesmo. Semana que vem prometo caprichar na escola! 😀

O misterioso caso de Styles

O.Misterioso.Caso.de.Styles O misterioso caso de Styles (BestBolso, tradução de A.B. Pinheiro de Lemos, 2008, 235 páginas), de Agatha Christie é o primeiro romance da autora e foi publicado originalmente em 1917. A história é narrada por Hastings e se concentra no mistério que envolve a morte da Srª Inglethorp, dona da mansão de Styles. Aparentemente ela morreu de ataque cardíaco, no entanto outras evidências levam a crer que ela pode ter sido envenenada.

Na época da morte, Hercule Poirot está refugiado na aldeia próxima à mansão e como é amigo do Sr.º Hastings este sugere aos enteados da falecida que ele cuide do caso em segredo.

Poirot faz uso de métodos bastante peculiares para desvendar um mistério, mas é sempre certeiro. Todos na mansão tinham motivos para matar e todos os álibis se mostraram frágeis diante dos argumentos de Poirot. Instaura-se portanto um verdadeiro mistério, onde todos são suspeitos, há provas contra todos.

Poirot vai pouco a pouco montando um mapa, juntando peças, levantando suspeitas e na metade do livro temos plena convicção de que sabemos o culpado para logo em seguida termos nossa teoria posta à prova pelas geniais células cinzentas do detetive que subverte os motivos, e nos mostra uma novo ângulo da história e obviamente nos surpreende com uma teatral reviravolta nos últimos instantes.

Agatha Christie é sempre garantia de boa leitura, momentos gostosos em que mergulhamos em suspense e este livro não foge à regra.

Esta leitura foi a primeira do Projeto Agatha Christie capitaneado pela minha amiga Tatá.

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