Ficção de Polpa – Volume 1

Ficção de Polpa (volume 1), da Não Editora, foi um livro que chegou até mim com recomendações muito positivas, de pessoas cuja opinião são sempre relevantes, então como não poderia deixar de ser comecei a leitura com a expectativa nas alturas, e elas foram superadas, sim isso mesmo, apesar de esperar muito da coletânea ela ainda assim conseguiu me surpreender 😉

O livro já me conquistou na apresentação, do organizador Samir Machado de Machado, na qual ele conta quais são as origens do livro, adoro saber como surgem os livros que leio, quem são as pessoas por trás das histórias que me cativam, e isso já foi um ótimo prenúncio do que viria a seguir.

“Psicopatas! Monstros! Alieneigenas! Zumbis! Aos escritores aqui presentes, foi feita uma proposta: criar um conto de horror, ficção científica ou fantasia com completa liberdade temática. O resultado engloba assuntos tão populares quanto diversos: serial killers, crimes hediondos, delírios domésticos, demônios, monstros, mortos-vivos, alienígenas e toda sorte de argumento capaz de despertar a criatividade dos dezesseis autores aqui reunidos.”

Como é normal em uma coletânea alguns contos nos agradam mais outros menos, mas nesse caso em especial, não teve nenhum que eu não tenho gostado, outros eu simplesmente amei. Uma característica da maior parte dos contos e que é muito bacana, é que eles não são situados espacialmente, as histórias podiam ter acontecido em qualquer lugar, acho que isso contribui e muito para criar o clima de horror.

Dentro os contos que mais gostei estão “O ventre” da Roberta Larini, “Os internos” de Gustavo Faraon e “Desvio” do Antônio Xerxenesky e esse eu li com um certo estranhamento, porque parecia que já tinha lido a história, uma espécie de déjà vu, para só então me dar conta do motivo: esse conto foi adaptado para o Histórias Curtas e eu já tinha assistido, foi interessante, até porque o original é sempre mais rico. Quem quiser conferir o curta , é só ir aqui.

Gostei muito da faixa bônus, “O cão de caça” de H.P. Lovecraft o que só fez aumentar minha vontade de conhecer mais a obra do autor, os mesmo amigos que recomendaram a leitura do Ficção de Polpa, são entusiastas do obra deste mestre do terror e agora posso compreender porque e fazer coro com eles.

Para além do conteúdo literário da coletânea, o projeto gráfico tem brilho próprio, a começar pela capa, inspirada nas revistas pulp fictions que enche os olhos com seu visual e cujo making-of está no fim no livro, escrito pela Gisele Oliveira, artista responsável por esta beleza, ele enriquece ainda mais a leitura. A diagramação dos contos também é tri legal, adoro quando uma editora inova, mas não estraga o prazer da leitura com experimentações demais.

Só posso concluir dizendo que comecei o ano de leituras muito bem e que comigo os editores e autores conseguiram aquilo que pretendiam 😉

“Não buscamos a pretensão pedante de atribuir uma função à ficção. Nós queremos, isso sim, o que o escritor norte-americano Michael Chabon definiu como “explodir a mente” do leitor: quando o mundo se revela maior do que imaginamos, quando nossos medos se tornam realidade, quando temos a sensação de sermos insignificantes na vastidão e nos mistérios do universo e, ao mesmo tempo sermos o centro dele. Nossos esforços, nossa pretensão e nossas expectativas são de tentar dar a você, leitor, essas sensações.” (pg. 9)