Fila de livros não lidos

A Carol me indicou para responder esse meme sobre os livros que ainda não li, vamos aos números 😉

1 – Responda as perguntas abaixo:
          Qual a quantidade de livros comprados/ganhados e nao lidos que você tem na fila atualmente?
               107 livros.
          Como ou porque motivo chegou a essa quantidade?
              Obviamente porque eu gosto de ler, gosto de ter vários livros ainda não lidos, de ficar na estante escolhendo minha pŕoxima leitura, é um mundo de possibilidades.
          Você tenta se controlar para não comprar muito (e aumentar o tamanho da fila) ou não se importa com isso e compra quando tem oportunidade/ dinheiro/ vontade?
               Não me importo com isso, se estou com vontade de ler uma obra específica, compro e não me importo se tem outras ainda não lidas na estante, se uma obra que está na minha fila de aquisições entra em promoção por exemplo, compro mesmo sem intenção de ler logo.
          
          Nos últimos meses, a sua fila está tendendo a aumentar ou diminuir?
               Essa é uma equação com a qual não me preocupo, simplesmente aceito o fato de que sempre terei livros não lidos, poucos, muitos? Não me importa, como falei antes encaro meus livros ainda não lidos como um mundo de possibilidades.
          Quantos livros em média você compra/ganha por mês?
               Isso é muito variável, tem meses que não compro nenhum e em ouros compro muitos, esse mês por exemplo teve Feira do Livro na minha cidade e comprei em um único dia 13 livros,  fazendo uma média dos livros que comprei esse ano a conta fica em 9 livros por mês. 
2 – Link o blog que te enviou o meme.
          Meu nome não é Kerol
3 – A Lia quer saber as suas respostas
          Deixe um comentário no post do blog Verbo:Ler, avisando que respondeu o meme e deixando o seu link.
4 – Repasse para 5 ou mais blogs
          Essa vou ficar devendo, se alguém gostar da brincadeira, se joga 😉
p.s. O meme teve origem no blog Verbo: Ler.

Matadouro 5

“O visitante do espaço realizava um estudo muito sério da cristandade para tentar compreender por que os cristãos achavam tão simples ser cruel.” pg. 114

Quando escolhi o livro Matadouro 5 do Kurt Vonnegut para o Desafio Literário, sabia apenas que ele era sobre viagens no tempo, nada mais. E assim, sem nenhuma expectativa, nenhum conceito pré concebido que me lancei na leitura dessa obra.
Passado vários dias que terminei a leitura, ainda me pego surpresa com a genialidade do autor, ele escreveu um livro sobre viagem no tempo, sobre guerra, sobre vida extraterrestre e na verdade nada disso é realmente fundamental para que compreendamos a mensagem pacifista que ele deixou para a humanidade.

“Disse a meus filhos que eles não devem em hipótese alguma participar de massacres e que as notícias sobre massacres dos inimigos não deixá-los nem orgulhosos, nem felizes”. pg. 25

Com uma narrativa totalmente metalinguística, o livro não é fácil, exige boa vontade do leitor, mas vale à pena o esforço para acompanharmos Billy Pilgrim em suas andanças pelo tempo e espaço, hora estamos em meio ao bombardeio a cidade de Dresden hora estamos em sua confortável casa na cidade americana de Illium. Como preparação para esta aventura temos o primeiro capítulo que traz, supostamente, a realidade, nele o autor contextualiza o livro bem como suas motivações para escrevê-lo, é um prelúdio que já mostra a que veio, pois nele já vamos percebendo que na escrita de Vonnegut não existem desperdícios, cada palavra, cada vírgula, cada ponto tem um objetivo, e esse objetivo creio eu, seja justamente o de lançar o leitor em uma aventura na qual ele não poderá ficar indiferente, não creio que exista a possibilidade sairmos ilesos de uma leitura tão impactante.
Mas que essa leitura seria uma experiência enriquecedora, desconcertante, absurda e surreal eu já devia ter previsto quando li a folha de rosto do livro:
Matadouro 5
ou 
A cruzada das crianças
uma dança com a morte
de
Kurt Vonnegut
Americano de origem alemã de quarta geração que hoje vive tanquilamente em Cape Cod [fumando muito] e que, como soldado de infantaria americano hors de combat, como prisioneiro de guerra, testemunhou o bombardeio de Dresden, na Alemanha, “a Florença de Elba”, há muito tempo sobreviveu para contar a história.
É uma novela que segue mais ou menos o modo esquizofrênico e telegráfico das histórias do planeta Tralfamador, de onde vêm os discos voadores.
Paz.
VONNEGUT JR., Kurt. Matadouro 5. Tradução de Cássia Zanon. Porto Alegre: L&PM, 2011.
Esse é o verdadeiro Matadouro 5
Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012  cuja temática do mês de Junho era a leitura de livros sobre Viagens no Tempo.
Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.

As Cinco Leis da Biblioteconomia

     Tempos atrás,  querida Dri Ornellas fez uma atualização no facebook com uma provocação: ela dizia que só os amigos bibliotecários identificariam a origem da legenda, bom eu não tenho formação em biblioteconomia, mas como o assunto me interessa muito, eu sabia. Não resisti e rebati a provocação dela, foi então que ela me disse que nunca tinha conhecido ninguém que não fosse da área de biblioteconomia que conhecesse as Leis de Ranganathan. Como geralmente quem curte livros também gosta de assuntos correlatos resolvi falar um pouco sobre este assunto aqui. 
     As Leis de Ranganathan são consideradas as cinco leis fundamentais da Biblioteconomia e foram idealizadas em 1928 pelo pensador indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan a partir das observações  nas bibliotecas que ele frequentava. Ele percebeu que os usuários das bibliotecas ficavam em segundo plano e que suas necessidades não eram atendidas pelos modelos vigentes.
     As 5 leis podem ser resumidas da seguinte forma:
     1. Os livros são para serem usados – o livro é um meio que impulsiona o conhecimento. Podemos concluir que a importância de uma biblioteca é crucial: “quem tem informação, tem poder”.  O livro pode ser encarado como um meio e não como um fim em si mesmo.
     2. Todo o livro tem o seu leitor – destaca-se a difusão da informação. Devem divulgar-se os livros existentes em cada biblioteca. Aponta-se para a importância da divulgação do livro e da sua difusão, antecipando a estética da recepção.
     3. Todo o leitor tem o seu livro – a Biblioteca deve conhecer bem os seus leitores, observando-os para preparar o acervo. Aponta-se para a seleção de acordo com o perfil do utilizador.
     4. Poupe o tempo do leitor– uma boa catalogação e arrumação dos documentos diminui o tempo necessário para encontrar a informação desejada. Aponta-se para o livre acesso às estantes, o serviço de referência e a simplificação dos processos técnicos.
     5. Uma biblioteca é um organismo em crescimento – a Biblioteca deve controlar esse crescimento, verificando qual a informação que está a ser usada, através de estatísticas da consulta e empréstimo. Decorre da explosão bibliográfica que exige atualização das coleções e previsão do crescimento.
Para saber mais:
RANGANATHAN, S.R. As Cinco Leis da Biblioteconomia. Tradução de Tradução de Tarcisio Zandonade. Brasília: Briquet de Lemos / Livros, 2009 
p.s. destaco mais uma vez que não tenho formação acadêmica na área, portanto este texto é leigo e passível de incorreções, sendo assim sinta-se à vontade para apontar eventuais erros.

Extremamente Alto & Incrivelmente Perto

Nunca é possível reconhecer o último momento de felicidade que antecede uma tragédia.”

Extremamente Alto & Incrivelmente Perto (Jonathan Safran Foer) é um livro que queria ler há muito tempo, tanto que assim que a Rocco anunciou o relançamento, corri para garantir meu exemplar. A leitura dessa obra poderia ter sido uma decepção de proporções épicas já que ela veio encharcada de expectativas “extremamente altas”, mas na verdade ela conseguiu ser muito, muito mais do que eu poderia supor. Nenhuma expectativa poderia ter me preparado para esta leitura, nenhuma.

O que esperar de um livro sobre os atentados de 11 de setembro? Eu esperava encontrar muitas coisas, mas não o lirismo e delicadeza que transbordam da narrativa.

Extremamente Alto & Incrivelmente Perto (Jonathan Safran Foer) é um livro que queria ler há muito tempo, tanto que assim que a Rocco anunciou o relançamento, corri para garantir meu exemplar. A leitura dessa obra poderia ter sido uma decepção de proproções épicas já que ela veio encharcada de expectativas “extremamente altas”, mas na verdade ela conseguiu ser muito, muito mais do que eu poderia supor. Nenhuma expectativa poderia ter me preparado para esta leitura, nenhuma.

A história gira em torno do pequeno Oskar Schell, inventor, desenhista e fabricante de joias, francófilo, vegan, origamista, pacifista, percurssionista, astrônomo amador, consultor de informática, arqueólogo amador e colecionador de moedas raras, borboletas que morrem de causas naturais, cactos em miniatura,memorabiliados Beatles e pedras semipreciosas. Ele tem 9 anos e viu sua vida ser profundamente pelos atentados ao World Trade Center, seu pai foi uma das 2.996 vítimas dos ataques ocorridos em 11 de setembro de 2001.

(…) Ele tinha células, e agora elas estão nos telhados dos prédios, no rio e nos pulmões de milhões de pessoas em Nova York, que respiram ele toda vez que abrem a boca para falar!” “Você não devia falar desse jeito.” “Mas é a verdade! Por que não posso dizer a verdade?” “Você está perdendo o controle.” “O fato do pai ter morrido não te dá permissão para ser ilógica, Mãe (…)” (p. 188)

Oskar e o Pai tinham uma relação muito especial, e é a partir das memórias do menino que vamos conhecendo mais desse homem que a despeito de ter morrido é uma presença pulsante por toda a narrativa. A principal voz narrativa é de Oskar, mas entrelaçadas à ela estão as vozes da avó e do avô do menino, que trazem à luz histórias há muito enterradas, dores há muito encarcerradas nos recantos mais sombrios dos corações e assim a trama vai se tecendo de forma que descortina o quão profundo e indecifrável é o ser humano.

“Pela primeira vez na vida, me perguntei se a vida valia todo o esforço necessário para se viver. O que, exatamente, fazia a vida valer a pena? O que há de tão horrível em permanecer morto para sempre, não sentindo nada e nem mesmo sonhando?” (p.161)

Ao quebrar um vaso no closet do pai e encontrar uma chave dentro de um envelope, com a inscrição “Black” Oskar se lança em uma busca para encontrar a fechadura que é aberta pela chave, mas conforme vamos acompanhando o menino para além dos distritos de Manhattan compreendemos que o que ele busca na verdade é a compreensão da absurda relação entre o que perdemos e o que nos resta quando o chão se liquefaz sob nossos pés.

Sim, é uma história sobre perda, saudade e dor, mas a força narrativa de Foer, a faz linda e poética. Esse livro me tocou profundamente e de formas tão diferentes que foi um desafio escrever sobre ele, é impossível não se sentir tocado por esta história.

“E agora me deixe perguntar uma coisa, como acha que vai conseguir realizar tudo que mencionou? Vou enterrar meus sentimentos bem lá no fundo. Como assim, enterrar seus sentimentos? Não importa o quanto eu sentir, não vou deixar sair para fora. Se eu tiver que chorar, vou chorar por dentro. Se eu tiver que sangrar, vou fazer marcas roxas. Se meu coração começar a enlouquecer, não vou sair falandi isso para o mundo inteiro. Não ajuda em nada. Só piora a vida de todo mundo.” (p.223)

FOER, Jonathan Safran. Extremamente Alto & Incrivelmente Perto. Tradução de Daniel Galera. Rio de Janeiro: Rocco, 2006

Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012 cuja temática do mês de maio era a leitura de obras que tratassem de Fatos Históricos.

Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.