A estante de hoje não é prática mas é tão peculiar e criativa que enche os olhos. Ela pertence ao antropólogo Wade Davis que também é explorador da National Geographic.
Livro e mais livros
Lumos
#lumosmaxima
1 – A biblioteca da futuro – A Ana escreveu um artigo sobre uma biblioteca incrível em Vancouver, no blog Colorida Vida.
2 – Marcadores de Página: Post it – A Angel criou um modelo de marcador de página que já vem com post it para facilitar as anotações, adorei.
3 – Escrever em quadrinhos – Érico Assis divaga sobre o desafio de escrever Histórias em Quadrinhos, no blog da Cia das Letras.
4 – Jimmy Corrigan, o menino mais esperto do mundo – Lucas fez uma resenha ótima sobre a História em Quadrinhos de Chris Ware, no blog do Meia Palavra.
5 – Happy Valentine’s Day – Neil Gaiman narrando conto o “O Dia dos Namorados de Arlequim”, imperdivel, vi lá no blog Biblioluv.
#nox
Matilda
"O Sr. Losna olhou irritado para Matilda. Ela não se movera. Já tinha aprendido a bloquear os ouvidos contra os sons desagradáveis da televisão. Continuou a ler, imperturbável, e por alguma razão isso enfureceu o pai. Talvez sua raiva tenha aumentado por ver sua filha desfrutando de alguma coisa que ele não alcançava" (pg.34)
A leitura de Matilda, Roald Dahl se mostrou ainda mais encantadora do que esperava. Já conhecia a história por sua versão cinematográfica e como adoro o filme estava com expectativas bem altas, e isso não atrapalhou a leitura em nenhum momento, pois apesar das indefectíveis modificações que a transposição de linguagem acarreta a essência da história é a mesma.
Matilda é uma menina muito especial, que nasceu em uma família que não lhe dá a mínima atenção. Aos 3 anos ela já sabe ler mas os pais acham que livros são perda de tempo, o pai é um desonesto vendedor de carros usados, a mãe negligencia a filha para passar as tardes jogando bingo e o irmão parece nem ao menos se dar conta de que tem uma irmã, nesse contexto desolador, a menina encontra forças na literatura, as vozes de milhares e milhares de histórias ajudam amenizar seu sofrimento.
A entrada de Matilda na escola é marcada por contrastes ainda mais acentuados, lá ela se depara com a figura da diretora que despreza a infância e considera as crianças seres desprovidos de direitos, já a professora da classe da menina é o extremo oposto, gentil e atenciosa logo ela percebe o incrível potencial intelectual da menina. Mistérios e aventuras e pequenas vinganças se misturam na narrativa de forma encantadora e a maneira como Roald Dahl a conduz é fantástica.
O livro é acima de tudo uma metáfora sobre a perseverança, Matilda podia muito bem ter se conformado com a família que tinha e se enquadrado nos padrões que os pais consideravam adequados, mas ela não aceitou e mesmo sendo tão pequena conseguiu mudar a sua vida.

Esta é a lista dos primeiros livros adultos que Matilda leu:
Grandes Esperanças, de Charles Dickens
Nicholas Nickleby, de Charles Dickens
Oliver Twist, de Charles Dickens
Jane Eyre, de Charlotte Bronte
Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
Tess, de Thomas Hardy
Kim, de Rudyard Kipling
O Homem Invisível, de H.G.Wells
O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway
O Som e a Fúria, de William Faulkner
As Vinhas da Ira, de Jonh Steinbeck
Os Bons Companheiros, de J.B.Priestley
O Condenado, de Graham Greene
A Revolução dos Bichos, de George Orwell
Esta leitura faz parte do Desafio Literário 2012, cujo tema de Fevereiro é a leitura de livros cujos títulos sejam nomes próprios.
Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.
Maya

” – Qual é então a finalidade da vida?
– Já disse que não sei. Só digo que o Universo não carece de sentido. A evolução da vida na Terra é um processo muito mais espetacular do que o mito de criação mais grandiloquente.” (pg. 285)
Faz anos que Maya, do Jostein Gaarder me espreita na estante, pelo menos uns 9 anos, simplesmente porque eu sempre me senti um pouco intimidada pela temática do livro, que gira em torno das eternas perguntas: Quem sou eu? Qual o objetivo da minha existência? Não sei bem porque desse sentimento até porque já li várias obras do autor e gostei de todas elas, Gaarder tem um estilo de escrita que me agrada muito, ele consegue criar uma estrutura ficcional fantástica e a usa para refletir sobre questões fundamentais da humanidade, que no caso de Maya é a origem do Universo e da vida.
Para dar conta de refletir sobre um assunto tão complexo o autor dá voz a um paleontólogo norueguês, um casal de espanhóis e um escritor inglês. O ano em que se inicia a narrativa é 1998, e os quatro estão em Taveuni, uma pequena ilha da República das Ilhas Fiji, que supostamente será o primeiro lugar do planeta a adentrar o novo milênio. A interferência de uma salamandra que todas as noites sobe na garrafa de gim de Frank e começa repreende-lo pela maneira como os seres humanos, ou melhor os primatas da sua laia, agem como se quisessem com todas as forças destruir o planeta, é hilariante, os diálogos filosóficos entabulados pelo palentólogo e pelo anfíbio fazem a leitura leve e divertida.
“Quando cai a noite, por volta das seis da tarde, a palavra viva passa a ser protagonista. Talvez uma pessoa tenha estado pescando, talvez outra tenha tido uma experiência nos bosques profundos, uma terceira pode ter topado com um americano perdido na foz de algum rio: todos têm algo a contar. Também se mantém viva uma antiga tradição de mitos e lendas, porque em Taveuni não há outra diversão além daquela que cada um cria.” (pg. 40)
Sempre que leio Jostein Gaarder a imagem que se forma é daquelas bonequinhas russas em que uma fica dentro da outra, as Matrioshkas, há sempre uma história dentro da história e isso me fascina, porque nada é o que parece. Saindo de Taveuni, somos levados por diversos lugares e tempos, para compreender como fatos aparentemente desconexos como as piruetas de um anão no porto de Cádiz, em 1790, o conceito de maya da filosofia hindu, a presença do pintor Goya na casa de campo da duquesa de Alba, no fim do século XVIII, as tradições dos ciganos andaluzes e até mesmo o o período devoniano em que apareceram os primeiros anfíbios se interligam.
Com reflexões tão densas poderia se imaginar que a leitura é enfadonha ou cansativa, mas não, e isso é o que mais em encanta no autor, ele consegue nos levar por caminhos e assuntos tortuosos de forma que o percurso seja agradável, quando percebemos já estamos mergulhados na sua trama intrincada, querendo saber como ele vai amarrar todas as pontas de tão fantástica história.
“Criar um mundo inteiro tem necessariamente considerada uma façanha louvabilíssima, mesmo que tivesse causado ainda maior admiração se um mundo inteiro tivesse sido capaz de criar a si mesmo. E vice-versa: a exeriência de ter sido criado não é nada em comparação com a incrível sensação de quem criou a si mesmo do nada e pode ficar de pé sem a ajuda de ninguém.” (pg.53)
A leitura de Maya só reforçou a adimiração que tenho pelo autor e pela força de sua escrita, ele consegue trazer para o campo da literatura debates e reflexões que considero muito pertinentes para a compreensão do ser humano, sem dúvida uma obra enriquecedora.
“somos o enigma que ninguém sabe resolver” (pg. 64)
“Precisa-se de bilhões de anos para criar um ser humano. E ele só precisa de alguns segundo para morrer.” (pg. 391)
GAARDER, Jostein. Maya. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Esta leitura faz parte do Desafio Literário 2012, cujo tema de Fevereiro é a leitura de livros cujos títulos sejam nomes próprios.
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Uma estante de quinta
Acordo Fotográfico
Uma moça portuguesa sai pelas ruas abordando pessoas que estão lendo e lhes propõe um Acordo Fotográfico. O resultado é um blog encantador no qual ela compartilha imagens belíssimas e deliciosos textos em que fala brevemente do retratado, de seu relacionamento com a literatura e também do feliz encontro. Para acompanhar sempre. Aproveita e curte a página do projeto no Facebook.
Zumbis à solta!

Depois de me inscrever para o Zombie Challenge 2012 fui à caça de títulos para escolher minhas leituras, aproveitei e compilei uma lista para ajudar quem também vai participar. Fiz uma seleção bem ampla, que inclui todo e qualquer morto-vivo, mesmo aqueles que não estão atrás de cérebros como é o caso de Incidente em Antares do Érico Veríssimo, portanto aconselho que escolham depois de ler mais sobre o livro. A lista está aberta a contribuições, portanto quem conhece algum livro de zumbis que não esteja na lista, favor se pronunciar nos comentários 😉
– Apocalipse Zumbi: os primeiros anos, Alexandre Callari
– Areia nos dentes, Antonio Xerxenesky
– Orgulho e Preconceito zumbis, Seth Grahame-Smith
– Memórias Desmortas de Brás Cubas, Pedro Vieira
– O Guia de Sobrevivência a Zumbis, Max Brooks
– O Guia de Sobrevivência a Zumbis: Ataques Registrados, Max Brooks
– Guerra Mundial Z, Max Brooks
– A Floresta de Mãos e Dentes, Carrie Ryan
– Sangue quente – Isaac Marion
– Incidente em Antares, Érico Veríssimo
– Celular, Stephen King
– O cemitério, Stephen King
– Louras Zumbis, Brian James
– Apocalipse Z: O Princípio Do Fim, Manel Loureiro Doval
– Apocalipse Z: Os dias escuros, Manel Loureiro Doval
– Caçadores de Zumbis, John Kloepfer
– Zumbis: O livro dos mortos, Jamie Russel
– Rua do Berro: Carne do zumbi, Tommy Donbavand
– Cidade dos mortos: eles não morrem, Joe Mckinney
– A serpente e o arco-íris: zumbis, vodu, magia negra, Wade Davis
– Zumbis: Quem disse que eles estão Mortos?, Ademir Pascale [Org.]
– Morgan, o único, Douglas Eraldo
Uma estante de quinta
A estante de hoje é linda, cheia de nichos de vários tamanhos e ainda tem espaço de trabalho.

Caim
“A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele”. (pg. 88)
José Saramago sempre foi um escritor polêmico, daquele tipo que mesmo quem nunca leu um livro, sabe do que se trata, algumas de suas obras chocam, são provocativas e acima de tudo questionadoras. Ao se apropriar da história de Caim, o primogênito de Adão e Eva e assassino do irmão Abel, ele a tingiu com tonalidades da fantásticas, onde até mesmo viagens no tempo são permitidas.

A narrativa tem início com o crime de Caim e sua condenação de vagar errante pelo mundo, nos levando através de inúmeras passagens do antigo testamento mostrando as interferências de Caim. O tom questionador e o humor irônico permeiam toda a narrativa com o propósito mais do que declarado de questionar as decisões de divinas. Uma das passagens mais divertidas se dá, sem dúvida, quando Abraão está prestes a sacrificar o filho Isaac e é impedido não por um anjo, mas sim, por Caim. O anjo chega logo depois, alegando que o atraso, se deu devido a uma falha mecânica na sua asa. Este trecho apesar do tom de comédia vem encharcado de questionamentos em relação à fé sem reflexão.
“Então o senhor é capaz de tudo, do bom, do mau e do pior, Assim é, Se tu tivesses desobedecido à ordem, que sucederia, perguntou isaac, O costume do senhor é mandar a ruína, ou uma doença, a quem lhe falhou, Então o senhor é rancoroso, Acho que sim, respondeu abraão em voz baixa, como se temesse ser ouvido, ao senhor nada é impossível, Nem um erro ou um crime, perguntou isaac, Os erros e os crimes sobretudo, Pai, não me entendo com esta religião.” (pg.82)
Saramago elegeu trechos bíblicos controversos justamente para provocar, para levar o leitor à reflexão diante dos atos divinos mais questionáveis, mais absurdos. E com ele não existem contemporazições, não existem meios-termos, todo seu ceticismo, seu declarado ateísmo pulsam neste livro, que escancara uma figura divina cruel e vingativa.
A leitura de Caim é fluída, ágil e instigante, até mesmo para os que não estão familiarizados com o peculiar uso da pontuação que Saramago faz em suas obras. O debate filosófico e o confronto ideológico entre Caim e Deus fazem com que o livro seja, como disse Pilar, esposa de Saramago, um livro que “não deixará indiferentes os leitores”.
Esta leitura faz parte do Desafio Literário 2012, cujo tema de Fevereiro é a leitura de livros cujos títulos sejam nomes próprios.
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