O silêncio da chuva

silencioUm suicídio, que para a polícia parece assassinato, dá início a uma trama intrincada que nos envolve desde o princípio. O inspetor Espinosa foge um pouco do estereótipo de detetive brilhante que resolve tudo sozinho, bem pelo contrário o solitário policial que tem como lazer percorrer sebos do Rio de Janeiro atrás de preciosidades literárias se sente tão ou mais perdido que o leitor durante a investigação.
A narrativa de Garcia-Roza é simples, direta e elegante, as divagações existenciais e filosóficas de Espinosa são ótimas e dão ao livro um tom psicológico que é potencializado pela vozes narrativas que se intercalam, nos colocando dentro dos pensamentos de diversas personagens.
Essa foi uma leitura curiosa, pois ao mesmo tempo em que o livro me prendeu, fiquei muito incomodada com diversos aspectos da trama. Este estranhamento foi tamanho que, apesar de ter gostado da leitura, não me atrevo a indicar o livro.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. O silêncio da chuva. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

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Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012  cuja temática do mês de Julho era a leitura de ganhadores do Prêmio Jabuti.

Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.

Ler para crescer

a-verd-hist.-dos...1Vamos ler para crescer? A indicação de hoje é um livro encantador e polêmico, pois traz a versão do lobo mau para a história dos três porquinhos. Ela foi contada à Jon Scieszka por Alexandre T. Lobo, que garante, tudo não passou passou de armação e na verdade ele só queria uma xícara de açúcar emprestada.
O livro é um graça, um dos preferidos do guri desde a primeira leitura. A história é divertida, bem escrita e ajuda às crianças a compreenderem que um fato sempre tem vários pontos de vista.
A edição é da Companhia das Letrinhas, e como sempre é um capricho com papel de qualidade e diagramação perfeita. As ilustrações de Lane Smith são um show à parte e fazem uma parceria harmoniosa com o texto. Leitura mais que recomendada.

SCIESZKA, Jon. A verdadeira história dos três porquinhos!. Tradução de Pedro Maia Soares. Ilustrações de Lane Smith. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

A sangue frio

Faz um tempão que tenho esse livro e o desafio literário foi uma ótima oportunidade de leitura desta obra que é envolta em mitos e polêmicas. Para minha experiência de leitura é fundamental saber mais sobre o contexto em que a obra foi escrita, por isso fiz uma pesquisa básica sobre o processo de escrita do Truman Capote e descobri coisas bastante peculiares, como o fato de que durante os seis anos de pesquisa ele criou uma relação de amizade com os assassinos Perry Smith e Richard Hickcock, que o livro precisou aguardar a execução dos mesmos para ser lançado.

Essa longa pesquisa feita pelo autor resulta em uma narrativa minuciosa e detalhada dos últimos dias de vida de quatro membros da família Clutter, e também da mente criminosa dos assassinos, no entanto a linha tênue entre a veracidade dos fatos e a romantização dos mesmos foi discutida à exaustão, porém isso não tira o brilho da obra que é muito bem escrita.

O estilo da narrativa de Truman é tão detalhado que em alguns momentos chegou a me cansar, isso só não foi uma constante no texto inteiro porque a história real é contada como um romance de ficção, daqueles bem bons e o domínio do autor sobre o texto deixa ele fluído. O grande trunfo do livro é mesmo o tom da narrativa e a forma como ele é conduzida e nos deixa a leitura inteira em expectativa o que convenhamos é muita coisa em se tratando de uma história amplamente conhecida sobre um homem religioso, uma mãe com tendências depressivas, uma garota, um adolescente e dois ladrões frustrados.

Enfim “A sangue frio” se trata de um livro que agrada tanto a quem procura um bom romance, quanto quem quer conhecer mais sobre uma história real muito bem contada.

Esta leitura é a primeira para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de maio é a leitura de um Livro-Reportagem

Confira no blog do Desafio as resenhas dos outros participantes.

UPDATE:

Caros leitores!

Ainda não consegui identificar o erro que está impedindo os comentários nesta postagem, agradeço a todos que me avisaram do ocorrido, assim que o problema for resolvido aviso vocês.

estrelinhas coloridas…

O Clube Filosófico Dominical

Eu adoro livros de mistério e investigações e quando encontrei “O clube filosófico dominical” de Alexander McCall Smith achei o título irresistível, some-se a ele a promessa de uma história que junta uma personagem que é filósofa, uma morte ocorrida em uma sala de concertos e que se passa em Edimburgo, Escócia, acrescente ainda nessa equação o fato de ter lido outros livros do autor que em agradaram e pronto minhas expectativas estavam nas alturas.

É claro que esperando tanto assim desta leitura era fato que eu iria me decepcionar, e realmente o gosto amargo da decepção me perseguiu em cada linha, principalmente porque ela veio de onde eu mesmo esperei.

O livro conta a história de Isabel Dalhousie, filósofa escocesa que assiste à morte de Mark Fraser, um total desconhecido quando este cai de uma galeria do teatro. No momento da queda os olhares dos dois se cruzam e partir dai Isabel se sente com a obrigação moral de descobrir o que aconteceu com o rapaz, sim, é isso mesmo só porque os olhos dela cruzaram com o dele por uma fração infinitesimal de tempo, ela acha que tem o direito, opsss o dever de chafurdar na vida de um completo desconhecido.

As divagações filosóficas de Isabel são no mínimo risíveis de tão rasas e infundadas, ela se choca com o jornalista que vai a sua casa para saber mais sobre a morte do rapaz, quando ele lhe diz que vai procurar a família do morto, mas não vê nenhum mal em ela própria fazer “investigações” por conta própria, pois ela reveste suas motivações com um simulacro de moralidade. Este capítulo causa um estranhamento tão grande diante da postura e da fala do jornalista que cheguei a pensar que a trama iria engrenar e ficar mais interessante, no entanto foi só mais uma decepção.

O final do livro reserva algumas surpresas positivas pois, ao contrário do que imaginei a solução do mistério não é fruto direto das investigações mirabolantes de Isabel, ela não se mostrou uma boa detetive afinal e isso me agradou muito, assim como o desfecho da trama em si.

Enfim preciso ressaltar que o tal do clube filosófico dominical do título, não passa de uma promessa, ele é apenas citado em algumas falas do livro e nada mais, o que convenhamos é um desperdício, eu esperava bem mais do livro, fiquei com uma sensação de coisas inacabadas, ele foi um dessas promessas maravilhosas que não se concretizou.

A edição da Companhia das Letras como sempre é ótima, e aqui comento uma curiosidade, eu tenho vários livros deste gênero da editora e todos seguem a mesma linha visual, com o nome do autor numa tarja superior e com as bordas das páginas coloridas e sempre pensei que se tratasse de um coleção ou série, mas não é só mesmo a identidade visual que é assim, eu adoro.

SMITH, Alexander McCall. O Clube Filosófico Dominical. Tradução de Alexandre Hubner. São Paulo: Companhia das letras, 2007.