Quando estava encaixotando meus livros para a mudança fui percebendo o quão aleatória é minha biblioteca. Nela convivem lado a lado autores tão díspares quanto Ranier Maria Rilke e J.K. Rowling ou Neil Gaiman e Jane Austen, que me pergunto se sou apenas eu que tenho gostos e predileções tão ecléticas ou se isso é uma marca de quem tem a leitura como combustível de sobrevivência. É bastante óbvio que não tenho resposta para esse dilema existencial, no entanto me divirto pensando quais foram as etapas da minha linha evolutiva que permitiram que eu me deliciasse tanto com Harry Potter quanto com O Tempo e o Vento, e na verdade acredito que a leveza com que percorro obras tão diversas faz que a minha biblioteca tenha uma certa coerência em sua aleatoriedade e também que ela diz muito mais sobre mim do que pode parecer a primeira vista. Olhando para meus livros vou identificando minha clara predileção por fantasia, autores ingleses e gaúchos. Meu apreço por psicologia e astronomia também marcam presença, assim como os livros em que os livros são personagens. Meu crescente interesse por teorias da evolução e tecnologia começam a tomar seu lugar entre as biografias e livros de contos e assim de livro em livro vou edificando a pessoa que sou.