Passeando pelo Etsy encontrei a ilustradora inglesa Liz, que faz um trabalho muito bonito inspirado em autores como Jane Austen, Lewis Carroll e Charles Dickens. Ela tem um traço muito delicado e acredita que seu trabalho torna as personagens reais no mundo físico, para isso ela é bastante minuciosa com os detalhes, como um lábio levemente curvado ou uma sobrancelha levantada, é um trabalho realmente encantador e que enche os olhos dos apaixonados por literatura.
Mês: fevereiro 2012
Ler para Crescer : O Gatola da Cartola
Fazia tempo que eu não fazia uma indicação de livro infantil por aqui, é claro que não é falta de material, já que nunca se leu tanto livro infantil nesta casa, depois de tanto tempo escolhi um livro muito especial: O Gatola da Cartola, Dr. Seuss.
A história é bastante simples e muito familiar as crianças, afinal qual delas não ficou entediada em casa em um dia chuvoso? As duas crianças da história, um menino e uma menina recebem a visita do Gatola, que com a ajuda de dois amigos fazem a maior bagunça. Além de ser um livro delicioso de ler, ele tem uma história bem legal, Theodor Seuss Geisel (o Dr. Seuss) resolveu escrevê-lo depois de ler em uma resportagem que as crianças achavam muito chatos os livros indicados pela escola, isso foi em 1957, e o mais legal é que ele usou apenas 220 palavras únicas, das quais 54 aparecem um vez e 33 aparecem duas vezes. No total a história tem 1.629 palavras sendo que apenas uma é trissilábica, 14 têm duas sílabas e 221 são monossilábicas, ou seja ele foi genial no processo de escrita, uma pena que boa parte do jogo de linguagem se perca na tradução, que dentro das limitações linguísticas é muito bem feita, ponto para o trabalho primoroso da dupla de tradutoras Lavínia Fávero e Gisela Moreau e Mônica Rodrigues da Costa. Enfim é um livro que recomendo muito.
Em 2003 foi lançada uma versão cinematográfica, que aqui no Brasil foi chamada de O Gato, com Mike Myers no papel do Gatola.
Em 2011 estreou no canal Discovery Kids o desenho "O Gatola da Cartola tem Tudo na Cachola" inspirado no livro e que irá apresentar às crianças conceitos científicos. Em cada episódio os personagens viajam a bordo de um veículo que os faz irem a lugares inusitados, como colmeias – e é assim que os personagens descobrem como as coisas funcionam.
O apelo do poeta
Lumos
#lumosmaxima
1 – A (famigerada) lista de Braulio Tavares – Confira a lista de livros de ficção científica feitas pelo escritor e pesquisador, lá no blog do Meia Palavra.
2 – Quem da mais por um gibi – Os gibis encontrados por Michael Rorrer no porão da casa da tia-avó foram arrematados por impressionantes 3,5 milhões de dólares (R$ 6 milhões), no blog da L&PM.
3 – Jogo da memória: rostos de escritores famosos – Teste seus conhecimentos sobre literatura e tente identificar a fisionomia de escritores famosos, na Super Interessante
4 – Conversa sob os escombros – Resenha do livro O estalo, do escritor gaúcho Luís Dill, no blog Orelha do Livro.
5 – Conta outra vez – Tem blog novo no pedaço, é feito a oito mãos por quatro mães e é sobre livros e crianças.
#nox
p.s. a capa que ilustra o post é do gibi da "Action Comics" com a primeira aparição do Super-Homem, de 1938.
Uma estante de quinta
Livro e mais livros
Lumos
#lumosmaxima
1 – A biblioteca da futuro – A Ana escreveu um artigo sobre uma biblioteca incrível em Vancouver, no blog Colorida Vida.
2 – Marcadores de Página: Post it – A Angel criou um modelo de marcador de página que já vem com post it para facilitar as anotações, adorei.
3 – Escrever em quadrinhos – Érico Assis divaga sobre o desafio de escrever Histórias em Quadrinhos, no blog da Cia das Letras.
4 – Jimmy Corrigan, o menino mais esperto do mundo – Lucas fez uma resenha ótima sobre a História em Quadrinhos de Chris Ware, no blog do Meia Palavra.
5 – Happy Valentine’s Day – Neil Gaiman narrando conto o “O Dia dos Namorados de Arlequim”, imperdivel, vi lá no blog Biblioluv.
#nox
Matilda
"O Sr. Losna olhou irritado para Matilda. Ela não se movera. Já tinha aprendido a bloquear os ouvidos contra os sons desagradáveis da televisão. Continuou a ler, imperturbável, e por alguma razão isso enfureceu o pai. Talvez sua raiva tenha aumentado por ver sua filha desfrutando de alguma coisa que ele não alcançava" (pg.34)
A leitura de Matilda, Roald Dahl se mostrou ainda mais encantadora do que esperava. Já conhecia a história por sua versão cinematográfica e como adoro o filme estava com expectativas bem altas, e isso não atrapalhou a leitura em nenhum momento, pois apesar das indefectíveis modificações que a transposição de linguagem acarreta a essência da história é a mesma.
Matilda é uma menina muito especial, que nasceu em uma família que não lhe dá a mínima atenção. Aos 3 anos ela já sabe ler mas os pais acham que livros são perda de tempo, o pai é um desonesto vendedor de carros usados, a mãe negligencia a filha para passar as tardes jogando bingo e o irmão parece nem ao menos se dar conta de que tem uma irmã, nesse contexto desolador, a menina encontra forças na literatura, as vozes de milhares e milhares de histórias ajudam amenizar seu sofrimento.
A entrada de Matilda na escola é marcada por contrastes ainda mais acentuados, lá ela se depara com a figura da diretora que despreza a infância e considera as crianças seres desprovidos de direitos, já a professora da classe da menina é o extremo oposto, gentil e atenciosa logo ela percebe o incrível potencial intelectual da menina. Mistérios e aventuras e pequenas vinganças se misturam na narrativa de forma encantadora e a maneira como Roald Dahl a conduz é fantástica.
O livro é acima de tudo uma metáfora sobre a perseverança, Matilda podia muito bem ter se conformado com a família que tinha e se enquadrado nos padrões que os pais consideravam adequados, mas ela não aceitou e mesmo sendo tão pequena conseguiu mudar a sua vida.
Esta é a lista dos primeiros livros adultos que Matilda leu:
Grandes Esperanças, de Charles Dickens
Nicholas Nickleby, de Charles Dickens
Oliver Twist, de Charles Dickens
Jane Eyre, de Charlotte Bronte
Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
Tess, de Thomas Hardy
Kim, de Rudyard Kipling
O Homem Invisível, de H.G.Wells
O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway
O Som e a Fúria, de William Faulkner
As Vinhas da Ira, de Jonh Steinbeck
Os Bons Companheiros, de J.B.Priestley
O Condenado, de Graham Greene
A Revolução dos Bichos, de George Orwell
Esta leitura faz parte do Desafio Literário 2012, cujo tema de Fevereiro é a leitura de livros cujos títulos sejam nomes próprios.
Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.
Maya
” – Qual é então a finalidade da vida?
– Já disse que não sei. Só digo que o Universo não carece de sentido. A evolução da vida na Terra é um processo muito mais espetacular do que o mito de criação mais grandiloquente.” (pg. 285)
Faz anos que Maya, do Jostein Gaarder me espreita na estante, pelo menos uns 9 anos, simplesmente porque eu sempre me senti um pouco intimidada pela temática do livro, que gira em torno das eternas perguntas: Quem sou eu? Qual o objetivo da minha existência? Não sei bem porque desse sentimento até porque já li várias obras do autor e gostei de todas elas, Gaarder tem um estilo de escrita que me agrada muito, ele consegue criar uma estrutura ficcional fantástica e a usa para refletir sobre questões fundamentais da humanidade, que no caso de Maya é a origem do Universo e da vida.
Para dar conta de refletir sobre um assunto tão complexo o autor dá voz a um paleontólogo norueguês, um casal de espanhóis e um escritor inglês. O ano em que se inicia a narrativa é 1998, e os quatro estão em Taveuni, uma pequena ilha da República das Ilhas Fiji, que supostamente será o primeiro lugar do planeta a adentrar o novo milênio. A interferência de uma salamandra que todas as noites sobe na garrafa de gim de Frank e começa repreende-lo pela maneira como os seres humanos, ou melhor os primatas da sua laia, agem como se quisessem com todas as forças destruir o planeta, é hilariante, os diálogos filosóficos entabulados pelo palentólogo e pelo anfíbio fazem a leitura leve e divertida.
“Quando cai a noite, por volta das seis da tarde, a palavra viva passa a ser protagonista. Talvez uma pessoa tenha estado pescando, talvez outra tenha tido uma experiência nos bosques profundos, uma terceira pode ter topado com um americano perdido na foz de algum rio: todos têm algo a contar. Também se mantém viva uma antiga tradição de mitos e lendas, porque em Taveuni não há outra diversão além daquela que cada um cria.” (pg. 40)
Sempre que leio Jostein Gaarder a imagem que se forma é daquelas bonequinhas russas em que uma fica dentro da outra, as Matrioshkas, há sempre uma história dentro da história e isso me fascina, porque nada é o que parece. Saindo de Taveuni, somos levados por diversos lugares e tempos, para compreender como fatos aparentemente desconexos como as piruetas de um anão no porto de Cádiz, em 1790, o conceito de maya da filosofia hindu, a presença do pintor Goya na casa de campo da duquesa de Alba, no fim do século XVIII, as tradições dos ciganos andaluzes e até mesmo o o período devoniano em que apareceram os primeiros anfíbios se interligam.
Com reflexões tão densas poderia se imaginar que a leitura é enfadonha ou cansativa, mas não, e isso é o que mais em encanta no autor, ele consegue nos levar por caminhos e assuntos tortuosos de forma que o percurso seja agradável, quando percebemos já estamos mergulhados na sua trama intrincada, querendo saber como ele vai amarrar todas as pontas de tão fantástica história.
“Criar um mundo inteiro tem necessariamente considerada uma façanha louvabilíssima, mesmo que tivesse causado ainda maior admiração se um mundo inteiro tivesse sido capaz de criar a si mesmo. E vice-versa: a exeriência de ter sido criado não é nada em comparação com a incrível sensação de quem criou a si mesmo do nada e pode ficar de pé sem a ajuda de ninguém.” (pg.53)
A leitura de Maya só reforçou a adimiração que tenho pelo autor e pela força de sua escrita, ele consegue trazer para o campo da literatura debates e reflexões que considero muito pertinentes para a compreensão do ser humano, sem dúvida uma obra enriquecedora.
“somos o enigma que ninguém sabe resolver” (pg. 64)
“Precisa-se de bilhões de anos para criar um ser humano. E ele só precisa de alguns segundo para morrer.” (pg. 391)
GAARDER, Jostein. Maya. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Esta leitura faz parte do Desafio Literário 2012, cujo tema de Fevereiro é a leitura de livros cujos títulos sejam nomes próprios.
Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.