A arma da casa

armadacasaUma trama que a primeira vista parece simples, mas que no percurso vai se mostrando densa, profunda e inquietante. A narrativa é crua, sem rodeios e já nas primeiras linhas os fatos se descortinam, e a despeito da incredulidade dos pais, Duncan matou mesmo um homem.

Neste livro não encontramos grandes mistérios arquitetados pelo homem, mas nos confrontamos com os lados mais obscuros da psiquê humana, e nesse aspecto reside a grandeza dessa obra. Nadine Gordimer construiu um romance perturbador justamente porque trás à tona aquilo que preferimos deixar bem trancado nos porões obscuros de nossas mentes.

Ao acompanhar Cláudia e Harald é impossível não se angustiar, não se questionar, como eles. É uma leitura que incomoda, que mexe de múltiplas formas com o leitor. É claro que esta não é uma leitura fácil, em certos trechos chega a ser angustiante levar a leitura adiante, mas ainda assim para mim foi impossível largar o livro até ler o desfecho e mesmo após terminada a leitura esse livro ficou ecoando na minha mente por muito tempo.

GORDIMER, Nadine. A arma da casa. Tradução de Palo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Retrospectiva Literária 2012

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Esse é o terceiro ano que participo da Restrospectiva Literária promovida pela Angélica, do blog Pensamento Tangencial, e como sempre ela foi uma forma de analisar e refletir sobre minhas leituras e especialmente nesse ano conturbado ela contribuiu para que minha meta para 2013 fosse totalmente subvertida 🙂

 RETROSPECTIVA LITERÁRIA 2012

A aventura que me tirou o fôlego: O mapa do tempo, Félix J. de Palma.

O terror que me deixou sem dormir: só li uma obra de terror (Vittorio, o vampiro, Anne Rice) e ela não chegou nem perto de me deixar sem dormir.

O suspense mais eletrizante: O jardim de ossos, Tess Gerritsen.

O romance que me fez suspirar: Razão e Sentimento, Jane Austen.

A saga que me conquistou: Os Arquivos Dresden – Frente de Tempestade, Jim Butcher.

O clássico que me marcou: Walden, Henry  D. Thoreau.

O livro que me fez refletir: Extremamente Alto & Incrivelmente Perto, Jonathan Safran Foer.

O livro que me fez rir:Belas Maldições, Neil Gaiman e Terry Pratchett.

O livro que me fez chorar: Nenhum me fez chorar literalmente, mas Extremamente Alto & Incrivelmente Perto, Jonathan Safran Foer, foi o que chegou mais perto.

O livro de fantasia que me encantou: As Crônicas do Imaginarium Geographica 1: Onde habitam os dragões, James A. Owen.

O livro que me decepcionou: Um dia, David Nicholls.

O livro que me surpreendeu: Haroun e o mar de histórias, Salman Rushdie.

A frase que não saiu da minha cabeça:

“… qual é o sentido de se dar às pessoas Liberdade de Expressão, e depois dizer que elas não devem utilizá-la? E não é o Poder das Palavras o maior poder de todos os Poderes? Então decerto deve ter plenas garantias de exercício.” (Haroun e o mar de histórias, Salman Rushdie, p.67)

O(a) personagem do ano: Harry Dresden, personagem da série Os Arquivos Dresden, Jim Butcher.

O casal perfeito: Elinor e Edward, do livro Razão e Sentimento, Jane Austen

O(a) autor(a) revelação: Félix J. de Palma.

O melhor livro nacional: Ficção de Polpa, volumes 1, 2 e 3, Samir Machado de Machado (org.)

O melhor livro que li em 2012: Deuses Americanos, Neil Gaiman.

Li em 2012,  46 livros.

A minha meta literária para 2013 é: para o próximo ano optei por me libertar das amarras, de todas elas, portanto não terei nenhuma meta literária, nem mesmo a de ler mais do que em 2012. Lerei apenas o que tenho vontade, quando tiver vontade, simples assim 😉

O silêncio da chuva

silencioUm suicídio, que para a polícia parece assassinato, dá início a uma trama intrincada que nos envolve desde o princípio. O inspetor Espinosa foge um pouco do estereótipo de detetive brilhante que resolve tudo sozinho, bem pelo contrário o solitário policial que tem como lazer percorrer sebos do Rio de Janeiro atrás de preciosidades literárias se sente tão ou mais perdido que o leitor durante a investigação.
A narrativa de Garcia-Roza é simples, direta e elegante, as divagações existenciais e filosóficas de Espinosa são ótimas e dão ao livro um tom psicológico que é potencializado pela vozes narrativas que se intercalam, nos colocando dentro dos pensamentos de diversas personagens.
Essa foi uma leitura curiosa, pois ao mesmo tempo em que o livro me prendeu, fiquei muito incomodada com diversos aspectos da trama. Este estranhamento foi tamanho que, apesar de ter gostado da leitura, não me atrevo a indicar o livro.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. O silêncio da chuva. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

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Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012  cuja temática do mês de Julho era a leitura de ganhadores do Prêmio Jabuti.

Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.

O contador de histórias

O escritor em momento de descanso em seu escritório. Foto: Leonid StreliaevHoje é dia de celebrar o nascimento de Erico Veríssimo, escritor que mora no meu coração desde os 13 anos quando li “O Tempo e o Vento”. Depois da trilogia que é considerada sua obra prima já li praticamente toda a obra de Érico, e a cada releitura renovo a certeza de que seria uma leitora totalmente diferente se não tivesse começado me iniciado em Literatura Brasileira pela obra de Érico, e como me sinto muito feliz com a leitora que sou, devo um agradecimento especial à este autor que apresentou o Rio Grande do Sul ao resto do país. O crítico literário Antonio Candido vai ainda mais longe e define que: “O Rio Grande do Sul existe muito como visão do Erico”.

Para os leitores que não conhecem sua obra, recomendo com todas as minha forças que leiam Érico Veríssimo 😉

Jane Austen

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E hoje é dia de homenagem à Jane Austen!

A autora nascida em 16 de dezembro, há 237 anos, é adorada no mundo inteiro por sua obra que mescla romance, ironia e uma crítica bem humorada dos costumes da época. Para registrar minha admiração por esta escritora, que de longe é minha predileta trouxe uma citação que gosto muito do livro Orgulho e Preconceito, é uma fala de Mr. Darcy em resposta à indagação de como havia se apaixonado por Elizabeth:

“Não posso determinar a hora ou o lugar, ou o olhar, ou as palavras que estabeleceram o alicerce. Foi muito tempo atrás. Eu estava no meio antes de saber que havia começado.”

Para quem quer saber mais sobre a autora recomendo o blog Jane Austen em Português, escrito com o maior capricho e dedicação pela Raquel Sallaberry.

Ler para crescer

a-verd-hist.-dos...1Vamos ler para crescer? A indicação de hoje é um livro encantador e polêmico, pois traz a versão do lobo mau para a história dos três porquinhos. Ela foi contada à Jon Scieszka por Alexandre T. Lobo, que garante, tudo não passou passou de armação e na verdade ele só queria uma xícara de açúcar emprestada.
O livro é um graça, um dos preferidos do guri desde a primeira leitura. A história é divertida, bem escrita e ajuda às crianças a compreenderem que um fato sempre tem vários pontos de vista.
A edição é da Companhia das Letrinhas, e como sempre é um capricho com papel de qualidade e diagramação perfeita. As ilustrações de Lane Smith são um show à parte e fazem uma parceria harmoniosa com o texto. Leitura mais que recomendada.

SCIESZKA, Jon. A verdadeira história dos três porquinhos!. Tradução de Pedro Maia Soares. Ilustrações de Lane Smith. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.