Dia do leitor… e o retorno

Hoje é celebrado, mundialmente, o Dia do Leitor e como é um dia especial para os bibliófilos de plantão, também o escolhi para ser o dia do retorno do blog.

Depois de um ano conturbado, repleto de problemas de saúde, é tempo de regressar! Para marcar este retorno vou registrar minhas metas literárias para 2017.

Sempre participei de desafios literários, contudo venho observando que tenho me sentido meio presa, sempre cumpro as metas, mas as leituras não tem sido tão prazerosas quanto deveriam ser. Então esse ano, inspirada na leitura de blogs queridos, decidi traçar metas diferentes que me deixem mais a vontade mas que ainda assim sejam desafiadoras. Vamos à elas:

  1. Ler no pelo menos 43 livros.
  2. Concluir uma das séries iniciadas e com todos os volumes já publicados.
  3. Fazer leituras de 3 países diferentes (Projeto Volta ao Mundo em 198 Livros)
  4. Reler Sandman, Neil Gaiman.
  5. Ler um conto por semana.
  6. Ler um dos livros indicados pela Rory Gilmore.
  7. Ler 7 livros do desafio literário  “Livros para viajar para outros mundos”,  do marcador da Livraria Cultura.

Que a força da leitura esteja com vocês! 😉

Salvar

Salvar

Confissão de um verdadeiro crime bibliográfico

     Esses dias conheci o blog  Doce Palabras, que é de uma moça que coleciona “marcas de propriedade” principalmente ex libris e os textos dela falando sobre as aventuras para aumentar a coleção são deliciosos, um de novembro de 2008 conta que em uma das andanças pelas livrarias de Donceles, ela se depararou com uma situação curiosa: um livro italiano de arquitetura do século XVIII possuia quatro ex libris sobrepostos, os proprietários foram colando um sobre o outro, mas ela não se fiz de rogado e foi descolando um a um até chegar ao primeiro ex libris. 
     Esta é uma história inusitada que enche a cabeça dos aficcionados por bibliofilia com especulações, eu não consegui resistir e criei no mínimo umas 100 histórias hipotéticas para justificar a atitude dos proprietários do livro, todas elas totalmente fabulosas e inverossímeis, mas acredito que justamente nessa possibilidade que reside o encanto de se colecionar objetos antigos relacionados à livros.

Tipos de Ex libris

Como uma das minhas temáticas prediletas dentro da bibliofilia é o “ex libris” hoje volto a falar deles, mais especificamente dos tipos de “ex libris”.

Diversos estudiosos dividem os “ex libris” em quatro categorias:

1) Etiquetas: não trazem imagens além do nome do proprietário, e podem ser acompanhado de ornamentos. Nesta categorias temos como exemplo o “ex libris” do artista Wandy Warhol.

2) Armoriados ou heráldicos: quando o motivo principal do desenho consiste de brasões ou insígnias de indivíduos, cidades, associações etc. Um exemplo muito bonito desta categoria é o “ex libris” de António Pinheiro Marques

3) Simbólicos: quando trazem imagens que traduzem ideias, lemas de vida, ocupações etc., que não tenham caráter heráldico. Esta categoria é bastante ampla e como exemplo temos o “ex libris” do médico Richard Irwin Darnell:

4) Paisagísticos: quando reproduzem cenas rurais, urbanas, marinhas etc. ligadas afetivamente ao possuidor dos livros. Nesta categoria destaco como exemplo o “ex libris” de M & D McBurney.

Quando um “ex libris” pode ser enquadrado em mais de uma categoria ele é chamado de misto.

Ex libris de Alvaro Moreyra

O escritor gaúcho Alvaro Moreyra (Porto Alegre, 1888 – Rio de Janeiro, 1964) foi um comunista devoto de São Francisco de Assis e um acadêmico que, ao ver-se no fardão de imortal da Academia Brasileira de Letras, achou-se parecido com um porteiro de edifício. Eleito em 1959 para a ABL, ocupou a cadeira 21, sucedendo a Olegário Mariano. Ele tinha um Ex libris muito bonito, que foi desenhado pro Di Cavalcanti.

Para que quiser saber mais sobre este autor muito pouco conhecido atualmente, recomendo a leitura deste artigo.

A menor biblioteca do mundo

Jozsef Tar é apaixonado por livros, mas a paixão é por livros pequenos, muito pequenos, os maiores exemplares que ele tem em sua biblioteca não chegam a medir 10cm. O menor exemplar chega a espantosos 0,29cm X 0,32cm.

Ele começou sua coleção em 1972 e atualmente tem 4000 peças. A maioria dos livros são húngaros mas ele também tem exemplares oriundos do Canadá, México, EUA, Austrália, Japão e de quase todos os países europeus.

Se tu te interessou em começar um biblioteca dessas, entre em contato com Jozsef que ele tem exemplares para troca.

José Mindlin

jose-mindlin Hoje pela primeira vez na vida chorei pela morte de alguém que eu nem conheci pessoalmente. Eu tenho uma admiração profunda pelo José Mindlin e saber de sua morte foi um baque pra mim. Este homem que fez tanto pela cultura deste país, que tinha tanto amor pelos livros que o transmitia como se fosse uma doença contagiosa era pra mim  o que muitos chamam de ídolo, não gosto deste termo, mas se tivesse que dá-lo a alguém sem sombra de dúvida seria ao Mindlin. Um dos poucos titulares contemporâneos que merece a cadeira que ocupa na Academia Brasileira de Letras.

No Mundo Livro tem um artigo lindo da Larissa Roso.

estrelinhas coloridas…

Editora Landmark processa a tradutora Denise Bottmann, do Não Gosto de Plágio

A tradutora e blogueira Denise Bottmann, do blog Não Gosto de Plágio, precisa de nosso apoio. Ela é a responsável por um trabalho incansável de trazer à tona casos de plágio de traduções, e agora está sendo processada pela editora Landmark, que pede ao juiz indenização, por danos morais mais a retirada de seu blog do ar.

A Denise denunciou que as traduções de “Persuasão” de Jane Austen, e “O morro dos ventos uivantes” de Emily Brönte, publicados pela referida editora em 2007 eram respectivamente plágios das traduções de Isabel Sequeira, publicada pela europa-américa em 1996 e de Vera Pedroso (publicada pela bruguera em 1971, reeditada pela art em 1985, para o círculo do livro).

A ação também cita a blogueira Raquel Salaberry, do Jane Austen em Português, o Google e um provedor. O processo corre na 4ª Vara Cível do Fórum Regional de Santana, e o número do processo é 001.09.135047-7 (link).

O Sérgio Rodrigues, do blog Todo Prosa e o Alessandro Martins, do Livros e Afins também já divulgaram esse absurdo e se tu também não gostas de plágio, ajude a espalhar a notícia.

 

estrelinhas coloridas…

 

UPADATE:

A Raquel postou uma nota de esclarecimento aqui.

Também falaram sobre o caso:

Livros e afins, Editora Landmark processa blogueira Denise Bottmann

Todo Prosa, Editora processa blogueira: pode plagiar esta notícia

Flanela paulistana, Editora Sambarilove & Cia.

Bibliophile, Editora Landmark processa a tradutora Denise Bottmann, do Não Gosto de Plágio

Prosa online, Editora acusada de plágio processa tradutora

O livreiro, Quem gosta de plágio?

Filisteu, Quando crescer quero ser igual à Denise Bottmann

Por quem os sinos dobram, Clipping: Editora processa blogueira

L&PM, Autora do blog Não Gosto de Plágio é processada

Tradutor Profissional, Edição extra

De gustibus non est disputandum, Eu também não gosto de plágio…e muito menos de covardia

Forense contemporâneo, Anotação #12-2010

Enredos e tramas, Derek Walcott: sobre traduções e plágio

Hellfire Club, Efeito Streisand

Substantivo plural, Editora processa blogueira

Vísceras literárias, Blogueira é processada pela editora Landmark

Mundo livro, Tradução e reação (9)

Buzzvolume, Editora processa blogueira

Ubervu, Editora processa blogueira

Casa da Ceinwyn, Editora Landmark processa a tradutora Denise Bottmann, do Não Gosto de Plágio

Meia Palavra, Blogueira é processada por editora

Ex libris II – A maldição!

Eu disse que eu adoro o assunto então nem adianta reclamar… e vamos a segunda parte.

Existe uma curiosidade sobre os ex libris de bibliotecas monásticas do século XIV, que podemos facilmente aplicar em nossas bibliotecas para assustar quem pensar em ficar com nossos amados exemplares. Veja as palavras de Eduardo Frieiro em seu livro, Os livros nossos amigos:

Nas bibliotecas das comunidades monásticas da Idade Média, as mais ricas da época, tomavam-se todas as precauções possíveis contra os piratas de livros. Até o século XIV, usavam-se armários fechados com portas, e as obras costumavam ter ex-libris com inscrições em que se ameaçava com a pena de excomunhão, não só aos que furtavam ou encobriam o furto, como àqueles que raspavam ou faziam desaparecer o ex-libris da obra roubada. Quanto mais preciosa a obra, mais rigoroso o anátema. Um livro do século XII, da abadia parisiense de Santa Genoveva, trazia por baixo do título a seguinte etiqeuta, um dos mais antigos ex-libris que se conhecem: ‘Este libro é de Santa Genoveva. Quem quer que o furte, ou acoite, ou esta marca apague, excomungado seja!’. E quanto mais precioso o livro, mais grave a excomunhão. Em certo código do mosteiro de Marbaque, Alsácia – livro dos Evangelhos, numa encadernação que continha relíquias em suas pastas- a fórmula de excomunhão enchia meia página. O ladrão era votado, sucessivamente, a todos os tormentos do inferno, condenado a mergulhar em lagos ardentes de alcatrão e enxofre e a ter a sorte de Judas, o traidor, concluindo com a invocação: ‘Fiat! Fiat! Fiat!’, para dar mais peso à excomunhão fulminada. (FRIEIRO, 1957)

O Fernando Weno fez para ele mesmo um ex libris com uma maldição bem legal, é um estilo bem contemporâneo:

ex-libris-weno-maldicao

estrelinhas coloridas…

Referências Bibliográficas:

FRIEIRO, Eduardo. Os livros, nossos amigos. 1957