Roverandom

roverandom Roverandom (Martins Fontes, tradução de Waldéa Barcellos, 2003, 127 páginas), de J.R.R. Tolkien narra a história de um cãozinho que foi enfeitiçado pelo mago Artaxerxes e virou um cão de brinquedo, e que por conta disso vive muitas aventuras. Depois do feitiço ele é dado de presente à um menino que o perde na praia. E ao conhecer outro feiticeiro é que começam as aventuras de Rover, pois Psamatos Psmatides, o feiticeiro da areia o envia para Lua e lá ele vive muitas aventuras junto de outro cão chamado Rover e passa a se chamar Roverandom, depois de muito tempo na lua, Rover retorna à praia e logo depois viaja para o fundo do mar para procurar o mago que o enfeitiçou para tentar voltar a ser de verdade. Lá ele vive mais aventuras até poder retornar à sua antiga dona e ter uma surpresa.

Tolkien escreveu esta história em 1925 para consolar seu filho, Michael que durante as férias na praia perdeu seu cãozinho de brinquedo e hoje 85 anos depois ela ainda encanta. É uma leitura leve mas primorosa, bem característica de Tolkien, com ótimas e ricas descrições, seres mágicos e muita aventura.

Esta leitura faz parte do desafio literário, cujo tema de fevereiro é um livro que nos remeta aos contos de fada. Veja outras resenhas aqui.

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O inimigo secreto, Agatha Christie

o-inimigo-secreto O inimigo secreto (BestBolso, tradução de A.B. Pinheiro de Lemos, 2009, 319 páginas), de Agatha Christie nos apresenta a primeira aventura do casal Tommy e Tuppence. Os dois são amigos de infância e durante uma conversa decidem fundar uma empresa de investigação, a Jovens Aventureiros Ltda.

O primeiro trabalho deles surge de forma bastante peculiar, Tuppence é abordada por um senhor, chamado Whittington que ouviu a conversa entre o casal quando eles decidiram fundar a agência. No encontro marcado ela se apresenta como Jane Finn, pois fica receosa de dizer sua verdadeira identidade para este excêntrico senhor. Assim que ela pronuncia o nome ele fica transtornado, e depois de fazer muitas perguntas à jovem decide lhe dar uma soma em dinheiro e pede que ela volte na manhã seguinte, mas na manhã seguinte ele já havia sumido.

Após este estranho acontecimento Tuppence e Tommy ficam muito curiosos a respeito de Jane Finn e querem a qualquer custo descobrir o que há por trás deste misterioso nome, decidem então colocar um anúncio no jornal ao qual respondem dois senhores, o primeiro deles Sr.º Carter que diz trabalhar para o governo inglês e quer contratar os serviços da Jovens Aventureiros Ltda, e Julius Hersheimer que se diz primo de Jane Finn.

O único dado efetivo que eles tem sobre a moça desaparecida é que ela embarcou em um navio rumo à Europa e depois disso sumiu, possivelmente portando documentos secretos que poderiam comprometer o governo inglês.

Enveredados em uma trama cada vez mais intrincada o jovem casal descobre que não são os únicos que querem saber o que aconteceu com Jane Finn, que em seu encalço também está um homem misterioso que é conhecido apenas por Sr.º Brown.

Uma trama ágil e recheada de suspense que nos surpreende até a última linha não só pela maestria com que Agatha Christie conduz a história mas também pelo humor presente em cada página.

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p.s. Ontem alguém sentiu falta da estante de quinta? Pois é,  uma otite absurda me tirou de circulação, e no pouco tempo que entrei na net ontem me esqueci mesmo. Semana que vem prometo caprichar na escola! 😀

Caminhos Cruzados, Érico Verissimo

Caminhos Cruzados (Globo, 299 páginas), de Érico Veríssimo é uma obra que sempre surpreende. A história não tem personagens centrais, não tem heróis nem mocinhas. É uma teia de histórias que se entrelaçam de uma maneira tão real, tão possível que até assusta.

Fica ao gosto de leitor decidir qual história é central, se é a de Fernanda ou Chinita quem sabe, ou mesmo a de Janjoca, ou talvez de Cacilda? Certo apenas é que nos enveredamos por dramas reais e imaginários, vidas sofridas e vidas felizes.

Cada personagem se apresenta de maneira única, cada um deles é um universo dentro da tecitura criada pelo autor, mas todos eles se encontram interligados por estes caminhos cruzados.

As personagens são uma perfeita caricatura da sociedade Porto Alegrense ainda na época dos casarões do Moinhos de Vento, é fácil nos ansiarmos diante da demagogia hipócrita de Leitão Leiria e sua fervorosa esposa dona Dodô, sempre posando de bons cristãos, mas apenas dois espíritos ???? revestidos pelo simulacro da caridade e da benevolência. Ou então nos compadecermos da situação de João Benévolo, amante dos livros, desempregado, sem perspectivas e com mulher e filho.

Quem sabe a identificação venha com Fernanda, guria boa, pobre, que trabalha de sol a sol, cuida da mãe, do irmão e sonha com Noel, este moço que vive no mundo da fantasia, recebendo mesada do pai, ignorado pela mãe.

A miríade de personagens torna fácil se perder no meio de tantas nuances, de tão diversas personalidades e é isto que dá graça e corpo a esta história que não é só uma, mas múltiplas histórias de caminhos cruzados.

A vida, prezado leitor, é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isto alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance. (Professor Clarimundo)

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O misterioso caso de Styles

O.Misterioso.Caso.de.Styles O misterioso caso de Styles (BestBolso, tradução de A.B. Pinheiro de Lemos, 2008, 235 páginas), de Agatha Christie é o primeiro romance da autora e foi publicado originalmente em 1917. A história é narrada por Hastings e se concentra no mistério que envolve a morte da Srª Inglethorp, dona da mansão de Styles. Aparentemente ela morreu de ataque cardíaco, no entanto outras evidências levam a crer que ela pode ter sido envenenada.

Na época da morte, Hercule Poirot está refugiado na aldeia próxima à mansão e como é amigo do Sr.º Hastings este sugere aos enteados da falecida que ele cuide do caso em segredo.

Poirot faz uso de métodos bastante peculiares para desvendar um mistério, mas é sempre certeiro. Todos na mansão tinham motivos para matar e todos os álibis se mostraram frágeis diante dos argumentos de Poirot. Instaura-se portanto um verdadeiro mistério, onde todos são suspeitos, há provas contra todos.

Poirot vai pouco a pouco montando um mapa, juntando peças, levantando suspeitas e na metade do livro temos plena convicção de que sabemos o culpado para logo em seguida termos nossa teoria posta à prova pelas geniais células cinzentas do detetive que subverte os motivos, e nos mostra uma novo ângulo da história e obviamente nos surpreende com uma teatral reviravolta nos últimos instantes.

Agatha Christie é sempre garantia de boa leitura, momentos gostosos em que mergulhamos em suspense e este livro não foge à regra.

Esta leitura foi a primeira do Projeto Agatha Christie capitaneado pela minha amiga Tatá.

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O vinhedo, Bárbara Delinsky

vinhedo Faz dias que terminei minha primeira leitura para o Desafio Literário e confesso que demorei para escrever a resenha, assim como demorei para decidir o livro. Decididamente, este tipo de literatura, mais água com açúcar não é para mim 😉

E vamos a resenha:

O vinhedo (editora Bertrand Brasil, 2006, 434 páginas), de Bárbara Delinski nos leva para o Vinhedo de Aquonset junto com Olivia Jones, que foi contratada para escrever as memórias da dona do local, Natalie Seebring, cuja família considera uma mulher refinada e dedicada as rodas sociais mas que choca a todos quando seis meses após ficar viúva anuncia seu casamento com um empregado do vinhedo. Diante da indignação do filho e da filha, é que ela resolve escrever sua história, na esperança de que eles compreendam suas motivações.

Olívia vê sua ida para Aquonset como uma tábua de salvação, ela está prestes a ficar desempregada, sua filha sofre de discriminação por ser disléxica, tem um namorado de quem não gosta, sua mãe a abandonou quando ela tinha 17 anos e seu maior sonho é ter uma família.

A ida para Aquonset mostra a Olívia uma realidade e uma história bastante diferente da que ela havia idealizado através das fotos de Natalie que ela restaurou. Ela então precisa desconstruir este imaginário para se abrir para a história real.

Natalie é uma personagem forte, que soube usar as adversidades como propulsores para a luta diária da vida. As partes em que relata suas memórias para Olívia são sem dúvida uma parte muito interessante da trama, fazendo inclusive com que Olívia deixe de enxergar o passado com lentes cor de rosa.

O que incomoda na história é a previsibilidade dos acontecimentos, não há surpresas, os clichês percorrem os dois fios narrativos do livro, a história de Natalie e a história de Olívia.

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Os aparados, Letícia Wierzchowski

lw_os aparados Os aparados (Record, 2009, 236 páginas), de Letícia Wierzchowski é uma história que se passa em um futuro indefinido, onde as chuvas já alagaram grande parte das cidades e nos conta a história de Marcus e Débora, avô e neta. Diante do caos que tomou conta de Porto Alegre, Marcus decide levar Débora que está grávida de 7 meses para a casa que tem na região dos aparados da serra.

A indefinição temporal da história é desconcertante e detalhes como carros híbridos, movidos tanto à gasolina como à luz elétrica e acesso à internet no alto dos aparados deixam a obra com um ar de ficção científica, mas a trama está para além disso, pois Letícia volta sua escrita para as relações humanas, o que torna secundária as alegorias futurísticas dando muito mais dramaticidade as complexas relações entre o avô e a neta.

A relação entre Marcus e Débora é conturbada e distante, eles são a única família um do outro, mas são completos estranhos. A morte da mulher e da filha, da avó e da mãe deixaram marcas profundas nos dois, e os afastou ainda mais. Marcus vê a gravidez de Débora como o único laço a unir os dois, mas ela não pensa assim, e quer de qualquer maneira fugir do controle do avô.

A tensão é quase como uma personagem, está ali sempre presente, se fazendo sentir em cada entrelinha, o que torna a narrativa e a evolução do relacionamento dos dois ainda mais dramática.

É uma boa história, densa, bem construída, com pitadas de realismo fantástico, bem características de alguns escritos da autora, bastante peculiar e cheia de surpresas.

Ele sussurra algumas palavras, agradece essa visita, essa súbita união de espaços, esse vacilo da engrenagem da vida.

Como um presente, encontrou esta brecha na tecedura do Tempo.

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Diários do Vampiro: despertar

diarios-do-vampiro Diários do Vampiro: o despertar (Galera Record, tradução de Ryta Vinagre, 2009, 240 páginas) de L.J. Smith, conta a história de um triângulo amoroso entre dois vampiros e uma humana. Irmãos e inimigos mortais, Damon e Stefan Salvatore são assombrados por um passado trágico. Vivendo nas sombras desde a Renascença italiana, o destino parece levá-los a percorrer o mesmo caminho que um dia os conduziu àquela vida amaldiçoada e eterna, pois em Fell´s Church, na Virgínia, Stefan conhece Elena Gilbert, uma adolescente bela e popular e no encalço de Stefan, Damon procura vingança, e logo Elena se verá divida entre os dois irmãos – e entre o amor e o perigo.

Com o boom da série Twilight, resgataram esta série lá do fundo do baú do início dos anos 90, refizeram o projeto gráfico, e jogaram no mercado com grande estardalhaço, que diga-se de passagem a história não merece.

A primeira coisa que me fez não gostar do livro foi a personagem Elena, que é de uma superficialidade gritante, embora a autora envernize a guria de decidida e autoconfiante, ela não passa de uma mimada que pensa ser o umbigo do mundo, cujos desejos devem ser satisfeitos custe o que custar, doa a quem doer.

A temática da história não me desagradou completamente apesar de ser o velho clichê do triângulo amoroso com irmãos como antagonistas, isso até passa quando é bem escrito, e não vem recheado de esterótipos. As personagens estereotipadas me incomodaram muito, estão todas lá: a popular, o mocinho perfeito e atormentado, o bad boy, o namorado chutado pra escanteio mas que de tão gente boa dá a maior força para a popular conseguir o mocinho que não dá bola pra ela, a ex-melhor amiga que não era amiga. Ah! Tem também o machão e isso também foi irritante, como assim um colega te ataca, rasga tua roupa e tu não presta queixa, só porque o teu queridinho te salvou miraculosamente bem a tempo?! Hã?! Como assim?! E isso não é nada, isso passou batido mesmo, a tia não teve uma síncope, os policiais também não deram bola, nenhum adulto se preocupou que uma guria foi atacada, sim porque mesmo que o guri seja filho de sei lá quem e todos se conheçam desde sempre, ele atacou ela.

A história inteira me pareceu meio vaga, com personagens mal construídas, com acontecimentos que não tiveram o aprofundamento necessário para a compreensão, como por exemplo quando a amiga médium, essa sim uma personagem bem interessante mas que mal aparece, é “possuída” e fala que tem alguém esperando Elena no cemitério, podemos apenas deduzir o que aconteceu, eu não gosto quando ficam pontas soltas, mesmo que seja uma série, como é o caso deste livro, as coisas tem que ter uma linearidade e um encadeamento mínimos para a história feche um ciclo, não é o que acontece em Diários do vampiro: o despertar.

O mundo é o que você come

omundoeoquevocecome_2121 O mundo é o que você come: uma família prova que você pode comer cuidando da sua saúde e da saúde do planeta (Nova Fronteira, tradução de Lourdes Sette, 2008, 479 páginas), de Bárbara Kingsolver é o como já diz o subtítulo o relato da experiência de uma família para se alimentar apenas com produtos locais durante um ano, para tanto eles se mudam para uma fazenda centenária, onde cultivam todo tipo de hortaliça imaginável, criam galinhas e perus, os produtos aos quais não tem autonomia para produzirem são comprados de produtores locais, ou então suprimidos do cardápio. Durante este ano eles têm a chance de recriar uma relação mais profunda com seus alimentos, ao perceberem que a comida processada, que para ser produzida precisa desviar rios e consumir combustível, não é tão necessária. O livro é permeado com informações técnicas de como o consumo inconsciente dos alimentos afeta o planeta. O foco do livro não são apenas os alimentos orgânicos, mas também os que não estejam fora da estação na localidade, que seja proveniente de estabelecimentos que tenham toda uma ideologia de comida local, trazendo como embasamento dados preciosos sobre como o ato de comer está intrinsecamente ligado à produção de petróleo, a queima de combustíveis, ao uso indiscriminado de pesticidas, ao confinamento animal, e seus impactos ao meio ambiente.

O livro tem pontos realmente interessantes no que dizem respeito à produção de carne e a opinião desta família em relação ao seu consumo, segundo eles, que por vários anos foram vegetarianos, a produção de carne para abate deve ser de criação livre nos pastos e não em confinamentos (os chamados CAFO’s).

As experiências e dados mostram claramente o descontentamento de uma família estadunidense com a falta de uma tradição alimentar própria de seu país e tentam eles mesmos resgatar uma cultura alimentar há muito suprimida pelos interesses de grandes produtores rurais.

O mais gostoso deste livro é que ele é realmente um relato verdadeiro, meio que diário escrito a seis mãos na verdade (pai, mãe e filha mais velha), que nos mostram que a despeito de gostarmos ou não todos os nossos atos influenciam o nosso futuro, inclusive se alimentar.

O beijo das Sombras

o-beijo-das-sombras Mais uma história de vampiros?! Sim. Mas com muito sarcasmo, acidez e chilli peppers temperando a trama. O livro da vez é O beijo das sombras de Richelle Mead, que é no original se chama: Vampire Academy, e é o primeiro de uma série que vai contar as aventuras de Lissa Dragomir e Rose Hathaway.

Tudo começa com Lissa e Rose que fugiram da escola São Vladimir, sendo levadas de volta por um grupo de guardiões. Lissa Dragomir é uma adolescente especial, por várias razões: ela é a princesa de uma família real muito importante na sociedade de vampiros conhecidos como Moroi.

Sua melhor amiga, no entanto, não carrega consigo o mesmo prestígio: meio vampira, meio humana, Rose Hathaway é uma dampira cuja missão é se tornar uma guardiã e proteger Lissa dos Strigoi – os poderosos vampiros que se corromperam e precisam do sangue Moroi para manter sua imortalidade.
De volta à escola elas tem que lidar com as consequências da fuga, e ainda se manter alerta para o que as continua espreitando e Rose descobre os poderes que se escondem por trás do doce e inocente olhar de Lissa.

Eu adorei a história. Achei interessante a mitologia criada por Richelle, é claro que ela se baseou em lendas e mitos que já estão por ai, mas nesse caso a moça acertou a mão pois a mistura deu certo.

O livro tem vampiros bons, vampiros maus e guardiões, báh que ao meu ver são uma raça um pouco subserviente demais, mas se não fosse assim o amor de Rose e Dimitri não seria impossível e a história perderia um pouco da bossa.

A história a princípio parece que será toda focada em Lissa, mas não, é Rose quem dá o tom e conduz a narrativa, e ela é muito mais interessante, isso torna a trama mais rica e envolvente.

O livro ágil e a trama flui, a dose de suspense é o meu número: não deixa tudo para o final, mas guarda uma reviravolta que é bem criativa e com gosto de quero mais.

E o melhor é que vai sim ter mais 😀 no Brasil só temos o primeiro, mas na gringolândia já tem 4 livros lançados e o 5º com lançamento previsto para 18/05/10, a seqüência é essa:

Vampire Academy (Vampire Academy, Book 1)
Frostbite (Vampire Academy, Book 2)
Shadow Kiss (Vampire Academy, Book 3)
Blood Promise (Vampire Academy, Book 4)                                                            Spirit Bound (Vampire Academy, Book 5)

mais sobre a série aqui: Sucker for Vampires e aqui: Vampire Academy Brasil